A mudança climática é um dos maiores desafios para a humanidade. Ela está ligada a muitos tipos diferentes de problemas ambientais, como temperaturas extremas, propagação de doenças tropicais e seus vetores, e poluição do ar. A poluição do ar já é o mais significativo risco à saúde ambiental e uma das principais causas de morte e incapacidade. As projeções têm estimado que a poluição do ar livre pode causar entre 6 milhões e 9 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo até 2060, e custar 1% do PIB global como resultado de dias de doença, contas médicas e redução da produção agrícola (OECD, 2015[1]).
Nos países LAC27, o número anual de mortes de adultos com 65 anos ou mais atribuíveis à exposição ao calor aumentou em média quase 240% quando comparado ao período de ‑200004 a ‑201721. O Equador teve o maior aumento percentual, de 1.147%, seguido por Honduras (547%) e República Dominicana (457%). Uruguai, Argentina e Costa Rica apresentaram os menores aumentos na região, todos abaixo de 100% (Figura 4.23).
O número básico de reprodução (R0) para dengue, doença transmitida por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus como vetores, aumentou no LAC quando comparado o período de ‑201221 a ‑195160. Em média, o ALC33 teve um aumento no R0 associado à espécie Aedes aegypti de 0,32, e de 0,46 para a espécie Aedes albopictus. Equador, Peru e Colômbia apresentaram os maiores aumentos, com o dengue R0 relacionado a ambas as espécies aumentando em mais de 0,8, enquanto a Jamaica, República Dominicana e Haiti experimentaram diminuições relacionadas a ambas as espécies variando de 0,03 a 0,17 (Figura 4.24).
Nos países ALC31, as taxas de mortalidade ajustadas por idade atribuídas à poluição doméstica e do ar ambiente foram em média de 40,2 mortes padronizadas por 100.000 habitantes para as mulheres e 56,2 para os homens. As taxas de mortalidade para os homens eram mais altas do que para as mulheres em todos os países da ALC com dados disponíveis. O Haiti teve as maiores taxas de mortalidade tanto para mulheres quanto para homens, com 172 e 198 mortes por 100.000 habitantes, respectivamente. Uruguai, Bahamas e Costa Rica tiveram as menores taxas de mortalidade da região, com menos de 20 mortes por 100.000 habitantes para as mulheres, e menos de 30 para os homens (Figura 4.25).
Políticas intersetoriais são necessárias para lidar com o impacto da mudança climática. Os sistemas de saúde também podem contribuir, preparando-se para novas doenças que podem se desenvolver com novas condições climáticas e de biodiversidade, promovendo o consumo de alimentos produzidos e obtidos de maneira sustentável, e reduzindo a pegada de carbono das instalações de saúde. Além disso, os provedores de saúde podem reduzir a pegada ambiental em hospitais e casas de repouso, incentivando o consumo de alimentos mais saudáveis, a redução do desperdício e o uso eficiente de energia (Landrigan et al., 2018[2]; OECD, 2017[3]).