O fortalecimento da atenção primária à saúde é uma das intervenções mais eficazes para melhorar a eficiência dos sistemas de saúde e a saúde da população. Um sistema de atenção primária de alto desempenho que ofereça serviços acessíveis e de alta qualidade pode reduzir a deterioração aguda em pessoas que vivem com quatro condições de longo prazo amplamente prevalentes na América Latina e no Caribe: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), pressão alta e diabetes, além de reduzir internações desnecessárias em hospitais. Por esse motivo, a medição do número de hospitalizações com essas doenças como diagnóstico principal é um indicador da capacidade do sistema de saúde de fornecer os cuidados necessários em um estágio inicial no nível primário. Devido ao adiamento dos serviços não emergenciais em 2020 por causa da pandemia da COVID-19, as taxas de hospitalização em 2021 podem incluir o efeito dos esforços dos países para eliminar o acúmulo de serviços e não refletir a qualidade do sistema de saúde para minimizar as hospitalizações evitáveis.
A Figura 7.11 mostra as taxas de internação hospitalar por 100.000 habitantes para asma e DPOC em seis países da América Latina e do Caribe com dados disponíveis. Todos os países da ALC6 apresentam taxas de hospitalização mais baixas do que a média da OCDE (32,2 para asma e 151,2 para DPOC). O Peru apresenta as menores taxas de hospitalização para essas condições, com 1,6 e 0,8 para asma e DPOC por 100.000 habitantes, respectivamente. Além disso, os mandatos de saúde pública relacionados à COVID-19, como o distanciamento físico e o uso de máscaras faciais, podem influenciar as taxas de hospitalização por asma e DPOC (Alqahtani et al., 2021[1]).
A Figura 7.12 mostra as taxas de admissão para CHF e hipertensão. Assim como no caso da asma e da DPOC, o gráfico revela que os países da América Latina e do Caribe6 que informaram têm taxas mais baixas do que a média da OCDE. A Costa Rica registra a taxa mais baixa para internações relacionadas a ambas as condições por 100.000 habitantes, apenas 5 para ICC e 6 para hipertensão.
Figura 7.13 mostra as taxas de internação por diabetes. Chile (92), Costa Rica (104) e Brasil (120) registram taxas de internação mais próximas da média da OCDE (119), enquanto a do México é mais alta, com 208 internações por 100.000 habitantes. A Colômbia e o Peru estão abaixo da média da OCDE, com 55 e 26 internações, respectivamente.
Os números apresentados nesta seção sugerem que seis países da ALC foram bem-sucedidos em minimizar as internações evitáveis. Entretanto, a comparação com a média da OCDE sugere também a possibilidade de que as diferenças no acesso à assistência médica gerem a subutilização dos recursos hospitalares. Os sistemas de saúde devem encontrar um equilíbrio adequado para garantir o menor nível de desperdício na utilização dos hospitais e, ao mesmo tempo, garantir o acesso adequado a toda a população. Os países da América Latina e do Caribe devem continuar a investir no desenvolvimento da capacidade da atenção primária para minimizar o desperdício e se preparar para o aumento da prevalência de condições crônicas provocadas pelo fenômeno do envelhecimento.