Incorporar a ideia de «Cadeias de valor regionais para uma recuperação sustentável» nas economias africanas significa desenvolver relações de produção entre os países e regiões de forma a promover um crescimento verde mais forte, mais inclusivo e sustentável. A integração de cadeias de valor irá acelerar a transformação produtiva e criar mais empregos de qualidade. Uma abordagem que promove cadeias de valor africanas para a transformação produtiva permite às empresas crescerem através de redes de produção regionais.
Para assegurar uma recuperação sustentável, o continente africano necessita de um crescimento dinâmico e robusto. Prevê-se que o crescimento económico africano venha a atingir os 3.9% em 2022. Esta percentagem superior à da América Latina e das Caraíbas, sinaliza a continuação da recuperação das economias africanas após os baixos níveis mundiais de 2020.
Os decisores políticos da União Africana têm mais ambição. No quadro da Agenda 2063, os governos africanos estabeleceram como meta um crescimento de pelo menos 7% ao ano para assim alcançarem os níveis do resto do mundo, criarem empregos e reduzirem as desigualdades. A edição Dinâmicas do Desenvolvimento em África evidencia a importância da transformação produtiva na realização das visões e aspirações de um continente integrado, pacífico e próspero, que desempenha um papel de relevo no cenário global. Como tal, as iniciativas emblemáticas da União Africana representam soluções estratégicas a uma recuperação sustentável.
Com o início das trocas comerciais no quadro da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), em 2021, os governos africanos criaram uma oportunidade sem precedentes para desenvolver cadeias de valor regionais. Esta zona de comércio livre continental, potencialmente a maior do mundo, permitirá estabelecer posições comuns sobre múltiplos aspetos da integração regional, tais como o comércio, o investimento ou a regulação dos mercados públicos, a fim de impulsionar a produção regional. O comércio de produtos transformados já representa 79% das exportações intra-africanas. Produzir mais bens a nível regional irá assim melhorar a resiliência das economias africanas.
Pela primeira vez, esta quarta edição do relatório Dinâmicas do Desenvolvimento em África analisa estudos de caso, apresentado políticas específicas para cada região do continente. O relatório estabelece um roteiro que inclui o setor privado, o papel dos recursos domésticos, e o do reforço das ligações económicas. Os países africanos devem incrementar os seus recursos domésticos com vista ao investimento estratégico.
Para implementar este roteiro, o relatório identifica duas áreas prioritárias de ação:
1. Apoiar a digitalização da produção e do comércio intra-africano;
2. Adaptar as estratégias nacionais de industrialização ao novo quadro estabelecido pela AfCFTA.
O apoio da comunidade internacional ao desenvolvimento das cadeias de valor regionais africanas deve fazer parte dos esforços globais para assegurar uma recuperação sustentável e um crescimento partilhado. Trabalhar em conjunto significa renovar o compromisso de tomar medidas concretas para cumprir as promessas de desenvolvimento feitas a África.
A comunidade internacional pode e deve fazer melhor para apoiar os esforços africanos para saírem da pandemia. Apesar dos esforços dos Estados membros da União Africana e do apoio internacional, apenas 14% da população africana estava totalmente vacinada em fevereiro de 2022. O acesso desigual às vacinas revela desigualdades económicas profundamente enraizadas. Atualmente, uma em cada seis pessoas no mundo é africana. No entanto, os africanos possuem menos de um vigésimo da riqueza do mundo. A crise da COVID-19 amplia estas desigualdades.
O trabalho de pesquisa empreendido em torno do relatório Dinâmicas do Desenvolvimento em África 2022 permite informar a Comissão Técnica Especializada da União Africana sobre Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração; os decisores políticos dos Estados membros da UA; bem como o sector privado e os parceiros de desenvolvimento, como parte da sua adesão ao Centro de Desenvolvimento da OCDE. O relatório destaca ações estratégicas para desencadear o desenvolvimento de África através de investimentos em redes de produção regionais - como fonte de crescimento, diversificação económica, de valor acrescentado e empregos de qualidade - para uma recuperação sustentável e equitativa.
Moussa Faki Mahamat
Presidente Comissão da União Africana
Mathias Cormann
Secretário Geral Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico