Este capítulo examina as competências necessárias para apoiar o desenvolvimento do setor das energias renováveis nos seis países do Norte de África: Argélia, Egito, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia. Apresenta uma panorâmica dos atuais níveis de educação, emprego e desenvolvimento de competências na região, seguida de um estudo de caso sobre as competências necessárias no setor das energias renováveis. O Norte de África está bem equipado para tirar partido dos muitos recursos disponíveis na região (energia solar, eólica e hidroelétrica) para conseguir uma transição energética justa. Este capítulo avalia o conjunto de competências dos trabalhadores em diferentes segmentos das cadeias de valor das energias renováveis e, em seguida, analisa a forma como a procura de competências está a evoluir. Finalmente, propõe uma série de políticas públicas para garantir que a oferta de competências se alinhe melhor com a procura de competências nos setores das energias renováveis e setores relacionados.
Dinâmicas do desenvolvimento em África 2024
Capítulo 6. Competências para as energias renováveis no Norte de África
Copy link to Capítulo 6. Competências para as energias renováveis no Norte de ÁfricaResumo
Em síntese
Copy link to Em sínteseA qualidade da educação no Norte de África melhorou significativamente. Agora, o desafio é manter este progresso para todos: embora a média de anos de escolaridade seja de 7,9 anos – superior à média do continente (6,7 anos) – quando este valor é ajustado à qualidade da aprendizagem, a média desce para 6,1 anos. Persistem ainda algumas desigualdades, não só entre zonas urbanas e rurais, mas também entre géneros. Embora a região do Norte de África tenha a produtividade mais elevada do continente (cerca de 42 000 USD por trabalhador), quase 73% dos trabalhadores estão em situação de emprego informal.
As energias renováveis têm potencial para criar 2,7 milhões de empregos no Norte de África, uma vez que a região possui o maior potencial de energia solar e eólica do continente e poderá tornar-se o principal exportador de hidrogénio verde até 2050, com um valor anual previsto de 110 mil milhões de dólares.
No entanto, a procura crescente de competências não está a ser satisfeita. Este desfasamento entre a oferta e a procura é causado por uma série de fatores, incluindo o âmbito restrito das estratégias nacionais de desenvolvimento de competências, a falta de financiamento para a formação relevante, a fraca transparência na divulgação da informação e o desfasamento entre as competências disponíveis e as necessidades do mercado de trabalho.
Para desenvolver as competências no setor das energias renováveis, os decisores políticos poderiam, por conseguinte, considerar três medidas prioritárias:
1. Desenvolver e implementar estratégias nacionais participativas e inclusivas que antecipem a procura crescente de competências e que alinhem a formação com as necessidades do mercado, seguindo uma abordagem centrada nas pessoas, sensível às questões de género e centrada no desenvolvimento local sustentável.
2. Alargar o leque de competências disponíveis, investindo mais eficazmente na investigação e desenvolvimento e em centros de excelência, e reforçando a formação profissional e técnica, os estágios e os programas de trabalho-estudo.
3. Criar um quadro institucional apoiado por autoridades competentes e dotadas de recursos para a boa governação das parcerias público-privadas, regionais e internacionais.
Perfil regional do Norte de África
Copy link to Perfil regional do Norte de ÁfricaO Norte de África deve prosseguir os seus esforços para proporcionar competências de elevada qualidade para todos
Copy link to O Norte de África deve prosseguir os seus esforços para proporcionar competências de elevada qualidade para todosO nível e a qualidade da educação no Norte de África são mais elevados do que noutras partes do continente, mas as desigualdades persistem. A média de anos de escolaridade na região é de 7,9 anos; este valor é mais elevado do que no resto do continente, onde se situa em cerca de 6,7 anos. No entanto, quando a média de anos de escolaridade é ajustada para ter em conta a qualidade da aprendizagem, esta média desce para 6,1 anos no Norte de África, em comparação com 5,1 anos no conjunto do continente. Este valor varia entre 7,1 anos na Argélia e 4,2 anos na Mauritânia (Figura 6.3).
As diferenças entre os géneros e entre as zonas rurais e urbanas acentuam as disparidades nas competências básicas. As raparigas são geralmente mais competentes em leitura do que em matemática, mas têm resultados mais elevados do que os rapazes em ambas as competências. No que respeita à diferença de competências entre as zonas urbanas e rurais, as crianças que vivem em zonas urbanas são geralmente mais competentes em leitura e matemática do que as que vivem em zonas rurais (Figura 6.4). Apesar destes números, as mulheres continuam a estar sub-representadas no mercado de trabalho. Este facto está no centro de um paradoxo regional: um melhor acesso à educação não garante uma melhor integração na força de trabalho. A Líbia, a Tunísia e a Mauritânia seguem esta tendência, com as taxas de participação das mulheres no mercado de trabalho (em percentagem da população feminina com 15 anos ou mais) a atingirem 35%, 27% e 26%, respetivamente, em 2023. Estas taxas situam-se abaixo da média mundial (49%). Noutros países do Norte de África, como Marrocos, Argélia e Egito, a participação das mulheres na força de trabalho é ainda mais baixa (20%, 16% e 15%, respetivamente) (Banco Mundial, 2023[4]). Estes números sublinham o papel que as barreiras estruturais desempenham no emprego das mulheres, incluindo as normas sociais (OCDE, 2023[5]). Uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho aceleraria o desenvolvimento (OCDE, 2024[6]).
O Norte de África tem uma economia diversificada e elevados níveis de produtividade, mas a informalidade continua a ser generalizada:
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A maior parte da população ativa está empregada nos setores da agricultura, construção, comércio retalhista e grossista, frequentemente de forma informal. A agricultura, a silvicultura e a pesca representavam cerca de um quarto do emprego em 2021, tendo a sua quota diminuído desde o início da década de 2000 (31%).
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Os setores da construção e do comércio retalhista/grossista têm vindo a crescer de forma constante desde 2000, empregando 14% e 17% da população ativa, respetivamente, em 2021, em comparação com 8% e 13% em 2000.
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Em comparação com outras regiões africanas, o Norte de África tem a maior percentagem da população a trabalhar no setor da indústria transformadora. Em 2021, 12% da população trabalhava neste setor, em comparação com uma média continental de 7%.
A maioria dos empregados que trabalham nestes setores são semiqualificados (Figura 6.5). Em 2021, 31% dos trabalhadores estavam em empregos vulneráveis (trabalhadores por conta própria ou trabalhadores familiares não remunerados), a percentagem mais baixa de qualquer região africana. A produtividade do trabalho continua elevada, atingindo cerca de 42 000 USD por trabalhador em 2022, apesar da predominância da informalidade na região, com quase 73% dos trabalhadores empregados no setor informal. Este valor excede a média do resto do continente (16 000 USD por trabalhador).
Apesar da predominância de empregos não qualificados, muitos trabalhadores não possuem o nível de educação exigido para a sua atividade. Na Tunísia e no Egito, 33% e 55% da população ativa, respetivamente, estão empregados em empregos para os quais não possuem as qualificações necessárias (Figura 6.6). Esta situação é mais comum entre os trabalhadores por conta própria. Apenas uma pequena percentagem (cerca de 12%) dos trabalhadores assalariados possui um nível de habilitações superior ao exigido para a sua profissão, o que é coerente com os resultados de outros inquéritos: no Egito, por exemplo, 37% dos jovens não possuem o nível de habilitações exigido para a sua profissão atual (Morsy and Mukasa, 2019[10]).
As competências ecológicas têm um valor único nos esforços de adaptação às alterações climáticas nos países do Norte de África. As alterações climáticas estão a ter um impacto socioeconómico importante nesta região, reduzindo o crescimento do PIB per capita em 5% a 15% por ano (CUA/OCDE, 2022[11]). A região do Norte de África é a mais exposta do continente aos riscos associados ao aumento das temperaturas, como as secas, o stress hídrico e os incêndios. Apesar da gravidade dos seus impactos, apenas 36% das pessoas inquiridas em Marrocos, na Mauritânia e na Tunísia tinham ouvido falar das alterações climáticas. Apenas 22% das pessoas sem instrução e 28% dos residentes rurais tinham ouvido falar das alterações climáticas, em comparação com 41% dos residentes urbanos (Afrobarometer, 2023[12]).
A migração no Norte de África caracteriza-se por fluxos de trabalhadores pouco e semiqualificados para dentro e para fora da região e, em menor grau, pela emigração de trabalhadores qualificados para países fora do continente. As pessoas pouco ou semiqualificadas – com o ensino secundário ou inferior – imigram principalmente do resto do continente africano. A Líbia destaca-se pelos seus elevados níveis de imigração de fora do continente. O Norte de África também se caracteriza por elevados níveis de emigração para países fora do continente. Os trabalhadores qualificados (com níveis de educação terciários ou superiores) – particularmente os de Marrocos e da Tunísia – migram principalmente para destinos fora do continente (Figura 6.7).
O setor das energias renováveis representa uma nova oportunidade para desenvolver competências e emprego produtivo no Norte de África
Copy link to O setor das energias renováveis representa uma nova oportunidade para desenvolver competências e emprego produtivo no Norte de ÁfricaAs competências relacionadas com as energias renováveis podem ser uma fonte de novos empregos produtivos e apoiar a resposta às alterações climáticas
O Norte de África tem um enorme potencial para desenvolver as energias renováveis (nomeadamente painéis solares, energia eólica e hidroeletricidade), respondendo simultaneamente aos riscos climáticos cada vez mais prementes. A região tem o maior potencial de energia solar e eólica do continente. A radiação solar média anual é de cerca de 2 200 kWh/m2 e a velocidade média do vento é de 7 metros por segundo (9,5 m/s na Argélia) (El-Katiri, 2023[14]). A utilização de 1% da terra para a energia solar e eólica aumentaria a capacidade energética para 2 792 GW para a energia solar e 223 GW para a energia eólica: 12 vezes a capacidade atual de África. Até 2050, o Norte de África deverá tornar-se o principal exportador mundial de hidrogénio verde, com um valor de exportação previsto de 110 mil milhões de dólares por ano (Deloitte, 2023[15]). O custo cada vez mais baixo da produção de energias renováveis, em particular da energia solar e eólica, está a dar um grande impulso ao setor (CUA/OCDE, 2022[11]). A realização deste potencial é tanto mais urgente quanto a região está cada vez mais exposta aos riscos climáticos.1 A desertificação está a aumentar e as temperaturas estão a subir, ameaçando ecossistemas frágeis e recursos naturais essenciais e conduzindo a impactos socioeconómicos significativos, incluindo rendimentos agrícolas mais baixos e uma escassez crescente de água.
A transição energética pode impulsionar o crescimento económico e a criação de emprego produtivo à escala continental. A capacidade de produção do Norte de África aumentou 6% por ano desde 2011. Durante a última década, estima-se que a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis tenha aumentado mais de 40%, graças à rápida expansão da energia eólica, solar fotovoltaica e solar térmica. No entanto, a percentagem de energias renováveis no cabaz de eletricidade (9,5% da eletricidade produzida) continua a ser inferior à do resto de África (21%, dos quais 17% são energia hidroelétrica). O facto do setor ter uma margem significativa para crescer é também demonstrado pela baixa percentagem de energias renováveis (apenas 4,6%) no cabaz energético da região (AIE, 2020[16]). A Argélia depende dos combustíveis fósseis para produzir mais de 95% da sua eletricidade (OIT, 2018[17]) e o Egito 90% (AIE, 2024[18]; Embaixada de França na República Árabe do Egipto, 2022[19]). De acordo com as projeções, um investimento suficiente em energias renováveis para limitar o aquecimento global a 1,5°C aumentaria o PIB numa média de 5% e o emprego numa média de 2%, em comparação com a manutenção do status quo no período 2021-50 (Quadro 6.1).
Quadro 6.1. Efeitos socioeconómicos da transição energética (no “cenário de 1,5°C” em comparação com o “cenário de manutenção do status quo”)
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|
PIB (diferença percentual) |
Bem-estar (diferença percentual nos índices) |
Emprego (diferença percentual, média 2021-50) |
||||
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Ambiental |
Económico |
Social |
Distribuição |
Acesso à energia |
|||
Norte de África |
5% |
27% |
2% |
43% |
8% |
0% |
2% |
África Ocidental |
15% |
40% |
1.5% |
25% |
10% |
39% |
1% |
África Oriental |
10% |
42% |
6.5% |
3.5% |
10.5% |
38% |
4% |
África Central |
15.5% |
46% |
7.5% |
73% |
14% |
41% |
6.5% |
África Austral |
10% |
35% |
4% |
47% |
119% |
18% |
4% |
África |
6.5% |
37.5% |
4% |
32% |
22% |
30% |
3.5% |
Nota: As diferenças médias são expressas em percentagem do PIB, do bem-estar e do emprego e são calculadas comparando o cenário de aquecimento global de 1,5°C com o cenário de manutenção do status quo durante o período de projeção 2021-50. Mostram que, apesar de um efeito globalmente positivo a nível continental, haveria diferenças significativas entre regiões.
Fonte: IRENA/BAfD (2022[20]), Renewable Energy Market Analysis, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2022/Jan/IRENA_Market_Africa_2022.pdf?rev=bb73e285a0974bc996a1f942635ca556.
Os compromissos internacionais e nacionais em matéria de transição energética estão a contribuir para o crescimento do setor das energias renováveis. As emissões globais de gases com efeito de estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019, para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Na 28.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 28), os governos foram convidados a triplicar a capacidade global de energias renováveis e a duplicar os seus esforços em matéria de eficiência energética até 2030. A maioria dos países do Norte de África participou ativamente na adoção dos referidos compromissos, nomeadamente o Egito e Marrocos (que acolheram respetivamente a COP 27 em Sharm el-Sheikh em 2022 e a COP 22 em Marraquexe em 2016). Nas futuras COP, os governos terão de estabelecer novos objetivos de financiamento do clima através da publicação de novos Contributos Determinados a Nível Nacional (CDN/NDCs). A Líbia é o único país da região que assinou, mas não ratificou o Acordo de Paris2 e, por conseguinte, não publicou um CDN/NDC.
A procura de competências relacionadas com as energias renováveis está a aumentar, embora varie consoante o segmento da cadeia de valor e o tipo de empresa
A maturidade do setor das energias renováveis varia entre os países do Norte de África. Em 2022, o setor empregava pelo menos 21 000 pessoas na região. Marrocos representa a maioria dos empregos no setor (59%), seguido do Egito (18%), Argélia (12%), Tunísia (9%) e Líbia (2%) (Figura 6.8). O Egito, Marrocos e a Argélia contribuíram para a expansão da energia solar na região, ocupando o segundo, terceiro e quarto lugares na produção de energia solar no continente. O Egito e Marrocos são também líderes na produção de energia eólica em África, logo a seguir à África do Sul (IRENA, 2023[21]). Nos países exportadores de petróleo e gás, como a Argélia e a Líbia, prevê-se que o setor das energias renováveis continue a crescer a par dos combustíveis fósseis dominantes. Estes países poderão, por conseguinte, tirar partido da transferibilidade de certas competências de um setor para o outro, a fim de desenvolver outras linhas de negócio no setor das energias renováveis e compensar eventuais perdas de emprego no setor dos combustíveis fósseis (Quadro 6.2). Esta transição energética deverá também criar empregos, nomeadamente na fase de construção das infraestruturas verdes (CUA/OCDE, 2022[11]).
Quadro 6.2. Prioridades de desenvolvimento de competências em energias renováveis por perfil de país do Norte de África
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Grupo |
Países |
Prioridades para o desenvolvimento de competências no domínio das energias renováveis |
---|---|---|
Importadores líquidos de energia Forte incentivo ao desenvolvimento das energias renováveis |
Marrocos, Egito, Túnisia |
Desenvolvimento de competências para cumprir os objectivos nacionais ou dos CDN |
Exportadores líquidos de energia Fraco incentivo ao desenvolvimento das energias renováveis |
Argélia, Líbia, Mauritânia1 |
Transferência e reforço das competências existentes no domínio dos combustíveis fósseis para as energias renováveis Desenvolvimento de competências relacionadas com as mini-redes (para complementar as redes nacionais dependentes de hidrocarbonetos) |
1. Embora a Mauritânia tenha como objetivo tornar-se um dos maiores exportadores mundiais de hidrogénio renovável, à data da publicação deste relatório não existia uma estratégia clara para atingir este objetivo.
Fonte: Compilação de autores. CDN = Contribuições determinadas a nível nacional.
As projeções atuais baseiam-se numa procura crescente de trabalhadores qualificados no setor das energias renováveis. Vários cenários climáticos prevêem o crescimento do emprego no setor. Comparando o cenário de aumento da temperatura global de 1,5°C com o cenário de manutenção do status quo, o Norte de África poderia criar pelo menos 2,7 milhões de empregos adicionais no setor das energias renováveis (IRENA/BAfD, 2022[20]). Contudo, o Cenário de Políticas Fixas projeta atualmente um valor significativamente inferior, estimado em 30 000 (AIE, não publicado).3 No entanto, estratégias nacionais eficazes poderiam aumentar a produção de energias renováveis e criar milhares de empregos (67 000 no Egito e 25 000 em Marrocos, no período 2020-50, e 70 000 na Tunísia até 2035) (Banco Mundial/ESMAP, 2024[23]; CUA/OCDE, 2023[24]; CUA/OCDE, 2022[11]; Banco Mundial, 2022[25]; Banco Mundial, 2022[26]). A cooperação internacional e a cooperação com o setor privado serão, por conseguinte, cruciais para manter a dinâmica das atuais políticas e atingir metas mais ambiciosas.
O potencial de criação de emprego no setor das energias renováveis varia em função do segmento da cadeia de valor em questão. A cadeia de valor pode ser dividida em vários segmentos: investigação e desenvolvimento (I&D), estudos e conceção de Projectos, fabrico e montagem de componentes, instalação, construção e comissionamento, operação e manutenção, e desmontagem e reciclagem (BAfD, 2016[27]) (Caixa 6.1). A montante, é importante reforçar as competências em matéria de I&D, fabrico de componentes, desenvolvimento tecnológico, ensaio de protótipos e inovação. Isto requer competências em matéria de conceção, engenharia, produção, controlo de qualidade e logística. A jusante, as competências necessárias para operar e manter os sistemas são essenciais. É também de importância vital reforçar as competências relacionadas com a reciclagem para garantir que os componentes são corretamente geridos no final da sua vida útil. Por último, há uma necessidade crescente de competências técnicas em áreas como a engenharia das energias renováveis e as tecnologias de armazenamento, bem como de competências de gestão, incluindo gestão de projectos, análise de dados, regulamentação, comunicação e financiamento (Quadro 6.3).
Quadro 6.3. Repartição de competências por segmento da cadeia de valor das energias renováveis
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Segmento da cadeia de valor |
Competências básicas |
Competências intermédias |
Competências avançadas |
---|---|---|---|
Desenvolvimento de projetos |
Competências básicas, gestão, comunicação |
Desenvolvimento/facilitação de projetos |
Conceção de projetos de engenharia, arquitetura para pequenos projetos, ciências atmosféricas, avaliação de recursos, ecologia, precedentes para financiamento público, avaliação de terrenos, negociação de terrenos, lobbying, mediação, contratos especializados, avaliação de recursos especializados |
Fabrico e distribuição |
Fabrico, logística, transporte de equipamentos |
Software informático, engenharia industrial, fabrico técnico, logística, garantia de qualidade relacionada com o fabrico Investigação e desenvolvimento no domínio da engenharia |
Engenharia relacionada com o fabrico, modelação e ensaio de protótipos, aprovisionamento especializado, marketing especializado, vendas especializadas |
Construção e instalação |
Construção geral |
Qualificação em construção, logística, armazenamento |
Engenharia civil, mecânica e elétrica, gestão de projectos de construção, desenvolvimento de negócios, engenharia relacionada com o comissionamento |
Exploração e manutenção |
Competências de base, gestão, comunicação |
Soldadura, tubagem, canalização, mecanização, eletricidade, exploração de equipamentos de construção, aquecimento, ventilação e ar condicionado |
Gestão de instalações, engenharia de medição e controlo |
Atividades multifuncionais/actividades de facilitação |
Gestão associativa, liderança, administração, relações com os clientes |
Políticas públicas, seguros, tecnologias da informação, saúde e segurança, vendas e marketing |
Educação e formação, finanças especializadas, redação e publicação científica |
Fonte: Compilação dos autores com base em Banco Mundial/ESMAP (2024[28]), Job Creation and Skills Development During the Energy Transition – Egypt, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099012324070535949/pdf/P17054613550c90311bcca14bbb87596a7a.pdf.
Caixa 6.1. Competências específicas necessárias para o desenvolvimento das cadeias de valor das energias renováveis
Copy link to Caixa 6.1. Competências específicas necessárias para o desenvolvimento das cadeias de valor das energias renováveisNo âmbito da sua estratégia nacional para satisfazer as suas necessidades de eletricidade, reduzindo simultaneamente a sua dependência dos combustíveis fósseis, Marrocos prevê aumentar a sua produção de energias renováveis. O projeto da central solar de Tan Tan, criado para este fim, empregará entre 20 e 150 pessoas por local, em função do ritmo de instalação e da natureza dos trabalhos.
-
A fase de construção das componentes do projeto (central solar, linhas elétricas, vias de acesso), com uma duração de 12 a 16 meses, exigirá um conjunto de competências técnicas, nomeadamente em engenharia civil, engenharia eletrotécnica, logística e transportes, bem como conhecimentos sobre o funcionamento das máquinas de estaleiro.
-
A fase de exploração exigirá apenas um número limitado de pessoal operacional (cerca de 15 a 20 pessoas por local), principalmente para manutenção, assistência técnica e segurança.
Fonte: Masen (2023[29]), Étude d’impact environnemental et social du projet solaire photovoltaïque de Noor Atlas: Plan de Gestion Environnementale et Sociale, https://www.masen.ma/sites/default/files/documents_rapport/Masen_Programme%20Noor%20Atlas_Projet%20Noor%20TanTan_PGES_V.f%C3%A9vrier%202023.pdf.
As grandes empresas procuram principalmente pessoas com competências técnicas, enquanto as pequenas empresas e as empresas em fase de arranque também precisam de pessoas com competências relacionadas com a inovação, a tecnologia digital e o financiamento sustentável. O inquérito4 realizado para preparar este capítulo revelou que as competências específicas exigidas pelas multinacionais que procuram energias renováveis incluem a auditoria energética, a gestão de projetos, a engenharia elétrica e eletrónica, o armazenamento de energia, a avaliação ambiental, as normas e regulamentos, a comunicação e a formação em matéria de desenvolvimento sustentável. As pequenas empresas e as empresas em fase de arranque exigem competências transversais relacionadas com a inovação, a gestão de projetos, as tecnologias digitais e o desenvolvimento sustentável, bem como competências relacionadas com as finanças ecológicas, a procura de financiamento e a realização de uma análise financeira das energias limpas. Também valorizam as competências relacionadas com parcerias estratégicas e o trabalho em rede para facilitar a colaboração com as administrações locais e as instituições financeiras.
A oferta de cursos de formação em energias renováveis aumentou nos últimos anos, mas não o suficiente para satisfazer a procura crescente de competências
A disponibilidade de formação em energias renováveis nas universidades e instituições técnicas varia entre os países do Norte de África. Uma análise comparativa dos cursos de licenciatura revelou diferenças entre os países em termos de oferta de cursos e de especializações. Na maioria dos países, estão disponíveis licenciaturas e mestrados em energias renováveis, mas os doutoramentos e o ensino e formação técnico-profissional (EFTP) estão a surgir mais lentamente, muitas vezes com o apoio de parceiros internacionais (Quadro 6.4).
Quadro 6.4. Cursos de licenciatura em energias renováveis no Norte de África
Copy link to Quadro 6.4. Cursos de licenciatura em energias renováveis no Norte de África
País |
EFTP |
Licenciatura |
Mestrado |
Doutoramento |
---|---|---|---|---|
Argélia |
|
× |
× |
× |
Egito |
× |
× |
× |
|
Líbia |
|
|
× |
|
Marrocos |
× |
× |
× |
× |
Mauritânia |
|
× |
× |
|
Tunísia |
× |
× |
× |
× |
Nota: Este quadro exclui os cursos de curta duração e os projetos destinados a melhorar as competências no setor das energias renováveis na região.
Fonte: Compilação dos autores.
A oferta de formação sofre de falta de formadores experientes, em detrimento da qualidade do ensino e da aprendizagem. Os professores e formadores que ensinam disciplinas técnicas na região são muitas vezes auto-formados. Esta falta de formação dos professores afeta negativamente a qualidade da formação e os conhecimentos transmitidos aos diplomados. A coordenação entre os vários atores envolvidos na formação também precisa de ser melhorada.
As pequenas e médias empresas (PME) dispõem de menos recursos para realizar programas de formação interna, que ajudariam a adaptar os conhecimentos técnicos dos seus empregados às suas necessidades específicas. O nosso inquérito revelou que os proprietários de PME não dispõem dos recursos necessários para a formação interna. A educação formal, especialmente a nível de mestrado (cinco anos de ensino superior), é criticada por ser demasiado teórica e não satisfazer as necessidades práticas do mercado de trabalho em termos de competências intermédias (Quadro 6.3). Em contrapartida, os formandos de programas de formação EFTP, de diplomas (dois anos de ensino superior) ou de programas de formação multi-intervenientes beneficiam de melhores conhecimentos práticos (Caixa 6.2), enquanto as empresas em fase de arranque tentam frequentemente atrair talentos estrangeiros para colmatar as lacunas de competências.
Caixa 6.2. A abordagem Kaizen para o desenvolvimento de competências
Copy link to Caixa 6.2. A abordagem Kaizen para o desenvolvimento de competênciasNo Norte de África, as PME representam mais de 90% das empresas e 70% do PIB (Lukonga, 2020[30]). Falta de conhecimentos e de competências sobre como melhorar a qualidade e a produtividade é um obstáculo fundamental que as impede de realizar todo o seu potencial. A abordagem Kaizen, promovida pelos esforços de cooperação japoneses, procura resolver estes problemas, aumentando simultaneamente as competências de gestão nas empresas, através da partilha de experiências e ferramentas específicas. Baseia-se numa cultura de melhoria gradual a todos os níveis da organização e pode ser aplicada ao setor das energias renováveis. Originalmente concebida para otimizar a gestão organizacional no local de trabalho, a abordagem Kaizen foi, entretanto, integrada nos programas educativos do Japão para apoiar o desenvolvimento de competências fundamentais para a empregabilidade (Suzuki and Sakamaki, 2020[31]).
A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e a Agência de Desenvolvimento da União Africana - Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (AUDA-NEPAD) lançaram a Iniciativa Kaizen África (AKI) em 2017. Este programa de dez anos visa acelerar a divulgação e o impacto das atividades Kaizen em todo o continente (AUDA-NEPAD, 2021[32]). Na Tunísia, o primeiro parceiro da iniciativa, foram visados oito setores industriais. Na Líbia, sob a égide do Ministério da Indústria, Minas e Energia, os “Kaizen Masters” do país organizaram duas sessões de formação para empresas e start-ups dirigidas por jovens empresários e mulheres, centradas no setor da energia (PAM, 2023[33]). A conferência anual JICA-AUDA-NEPAD Africa Kaizen serve de plataforma para a partilha de conhecimentos sobre as lições aprendidas com as políticas Kaizen a nível nacional. De 2017 a 2022, os projetos de cooperação relacionados com o Kaizen em 27 países africanos abrangeram 1 400 formadores, 18 000 empresas e mais de 280 000 gestores e trabalhadores destas empresas (JICA, 2023[34]).
Políticas públicas para melhorar as competências no setor das energias renováveis no Norte de África
Copy link to Políticas públicas para melhorar as competências no setor das energias renováveis no Norte de ÁfricaPara desenvolver as competências relacionadas com as energias renováveis, os países do Norte de África devem considerar a adoção de três prioridades-chave de política pública: desenvolver estratégias para antecipar a procura de competências; aumentar a qualidade da oferta de formação e melhorar o acesso à informação e à formação; e mobilizar financiamento, juntamente com a cooperação regional e internacional com intervenientes públicos e privados.
Implementar estratégias nacionais para antecipar a procura crescente de competências
Serão cruciais estratégias inovadoras para desenvolver competências relacionadas com as energias renováveis a nível nacional. Este objetivo pode ser alcançado através de uma coordenação estreita das políticas públicas relacionadas com o ambiente, as energias renováveis e as competências, e da criação de mecanismos de antecipação, mapeamento, normalização e acompanhamento das competências. Os organismos responsáveis por estas atividades devem colaborar com os Ministérios do Ambiente. Além disso, a ratificação e a aplicação rigorosa dos regulamentos ambientais poderiam estimular o desenvolvimento de competências no setor (ERF/GIZ, 2023[35]). Alguns países da região estão a começar a procurar uma maior coerência política, integrando o desenvolvimento de competências e de recursos humanos nas suas políticas de energias renováveis. Contudo, estas iniciativas estão frequentemente limitadas a áreas específicas, como a identificação das necessidades de competências e a formação profissional inicial. O Egito, Marrocos e a Tunísia destacam-se pela integração bem sucedida do desenvolvimento de competências nas suas estratégias nacionais para as energias renováveis (Quadro 6.5). Além disso, uma revisão da legislação em matéria de propriedade intelectual poderia facilitar a transferência de conhecimentos na economia verde, incentivar a transição para as energias renováveis e promover tecnologias ambientalmente sustentáveis.
Quadro 6.5. Estratégias nacionais para as energias renováveis que incorporam o desenvolvimento de competências no setor
Copy link to Quadro 6.5. Estratégias nacionais para as energias renováveis que incorporam o desenvolvimento de competências no setor
País |
Estratégia nacional para o desenvolvimento de competências relacionadas com as energias renováveis |
Estratégia nacional para as energias renováveis |
Formação ou competências relacionadas com as energias renováveis integradas na estratégia |
Notas |
Prazo |
Estatuto |
Organismo Responsável |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Argélia |
Sim |
Programa de desenvolvimento das energias renováveis |
Sim |
A estratégia da Argélia para o desenvolvimento das energias renováveis centra-se na criação do setor em combinação com um programa de formação e de melhoria das competências. O seu objetivo é valorizar as competências argelinas locais, nomeadamente nos domínios da engenharia e da gestão de projetos, para apoiar o crescimento do setor. O programa de energias renováveis, concebido para satisfazer as necessidades de eletricidade do mercado nacional, deverá igualmente criar, direta e indiretamente, milhares de empregos. |
2015-2030 |
Em curso |
Ministério da Energia e das Minas |
Egito |
Sim |
Estratégia Integrada para a Energia Sustentável (EIE) |
Sim |
No âmbito desta estratégia, o Egito comprometeu-se a desenvolver competências para empregos no setor das energias renováveis, nomeadamente através da criação de centros de excelência no âmbito de uma iniciativa de reforma do ensino técnico. |
2008-2035 |
Em curso |
Conselho Superior de Energia do Egito |
Líbia1 |
Não |
Plano Estratégico para as Energias Renováveis2 |
Não |
- |
2013-2025 |
Em curso |
Autoridade para as Energias Renováveis da Líbia (REAOL)2 |
Marrocos |
Não |
Estratégia nacional para a eficiência energética |
Sim |
No âmbito da sua estratégia, Marrocos comprometeu-se a:
|
2020-2030 |
Em curso |
Ministério da Energia, das Minas e do Ambiente |
Mauritânia |
Não |
Não |
- |
- |
- |
- |
- |
Tunísia |
Não |
Estratégia energética da Tunísia para 2035 |
sim |
A Tunísia tenciona maximizar os benefícios socioeconómicos da estratégia adotando uma abordagem proactiva em matéria de reforço das capacidades e desenvolvimento de competências, transferência de tecnologias, investigação e desenvolvimento e política industrial para apoiar a transição energética. |
2023-2035 |
Em curso |
Ministério da Indústria, Minas e Energia |
1. Em 2023, o Governo líbio lançou a Estratégia Nacional para as Energias Renováveis e a Eficiência Energética (NSREEE), delineando planos para alcançar uma capacidade combinada de energia solar e eólica de 4 GW até 2035, com o objetivo específico de atingir 20% de energias renováveis no cabaz energético total até 2035. A estratégia compreende quatro pilares que visam a diversificação das fontes de energia, o investimento em energias renováveis e o aumento da eficiência energética (Intec, 2024[36]; Renewables Now, 2023[37]). Dado que o documento oficial não tinha sido publicado online antes da publicação do presente relatório, não foi possível analisar a inclusão da formação ou das competências.
2. O Governo líbio criou a Autoridade para as Energias Renováveis da Líbia (REAOL) em 2007. O seu principal objetivo era implementar políticas específicas para cumprir o objetivo do governo de 10% de energias renováveis no cabaz energético total até 2020, um objetivo que ainda não foi cumprido. A REAOL executa projetos de energias renováveis, incentiva e apoia as indústrias conexas, propõe legislação e regulamentação de apoio e avalia o potencial de energias renováveis da Líbia para identificar áreas prioritárias (AIE, 2024[38]).
Fonte: ERF/GIZ (2023[35]), Green Jobs and the Future of Work in Egypt: A Focus on the Agriculture and Renewable Energy Setors, https://erf.org.eg/publications/green-jobs-and-the-future-of-work-in-egypt-a-focus-on-the-agriculture-and-renewable-energy-setors/; República da Tunísia (2023[39]), Stratégie Energétique de la Tunisie à l’Horizon 2035: Synthèse, https://www.energiemines.gov.tn/fileadmin/docs-u1/synth%C3%A8se_strat%C3%A9gie_2035.pdf; Reino de Marrocos (2020[40]), Stratégie nationale de l’efficacité énergétique à l’horizon 2030, https://www.mem.gov.ma/Lists/Lst_rapports/Attachments/33/Strat%C3%A9gue%20Nationale%20de%20l%27Efficacit%C3%A9%20%C3%A9nerg%C3%A9tique%20%C3%A0%20l%27horizon%202030.pdf; IRENA (2018[41]), Renewable Energy Outlook: Egypt, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2018/Oct/IRENA_Outlook_Egypt_2018_En_summary.pdf?la=en&hash=58DBAA614BE0675F66D3B4A2AC68833FF78700A0; AIE (2016[42]), Renewable Energy and Energy Efficiency Development Plan 2015-2030, https://www.iea.org/policies/6103-renewable-energy-and-energy-efficiency-development-plan-2015-2030; Autoridade para as Energias Renováveis da Líbia (2012[43]), Libya Renewable Energy Strategic Plan 2013-2025, https://climate-laws.org/documents/libya-renewable-energy-strategic-plan-2013-2025_100b?q=libya&id=libya-renewable-energy-strategic-plan-2013-2025_2e80; Ministério da Energia e das Minas (2011[44]), Programme des Énergies Renouvelables et de l’Efficacité Énergétique, https://climate-laws.org/document/renewable-energy-and-energy-efficiency-development-plan_7cf0.
Para garantir uma transição eficaz para as energias renováveis, será importante criar um organismo de coordenação específico responsável por alinhar a oferta de competências com as necessidades do setor das energias renováveis. Este organismo seria também encarregado de resolver os desafios actuais, como o financiamento limitado para a coordenação entre instituições de ensino e empresas e o desenvolvimento de competências relacionadas com as energias renováveis no sistema de ensino e formação. Além disso, uma coordenação eficaz melhorará a utilização dos recursos, ajudando a reforçar a sustentabilidade das iniciativas, harmonizando-as e coordenando-as com abordagens setoriais (OIT, 2018[17]).
Em Marrocos, a Agência Marroquina para a Energia Sustentável (Masen) desempenha um papel central nos esforços para alcançar os objetivos do Programa Nacional de Energias Renováveis, que visa produzir 52% da eletricidade a partir de energias renováveis até 2030. Através de parcerias tripartidas e da criação de institutos de formação para as profissões ligadas às energias renováveis, a Masen está a formar uma mão de obra qualificada que responde às necessidades do setor (Masen, 2024[45]).
As políticas e os programas destinados a fornecer competências relacionadas com as energias renováveis devem adotar uma abordagem multissetorial que tenha em conta a transferibilidade de competências. Esta abordagem ofereceria aos países da região a oportunidade de obter economias de escala e desenvolver especializações, capitalizando as suas vantagens comparativas no setor. As economias extrativas que procuram fazer a transição energética, como a Argélia e a Líbia, devem visar as competências em engenharia e gestão de projetos, para minimizar as perturbações para os trabalhadores afetados pela transição (Quadro 6.6). Existem sinergias entre as competências no setor do carvão e no setor solar fotovoltaico, e entre as competências nos setores eólico, do petróleo e do gás offshore (IRENA, 2018[46]). Por outro lado, as economias que pretendem reforçar a sua posição nas cadeias de valor das energias renováveis e da eficiência energética devem reforçar a sua capacidade através de centros tecnológicos, de engenharia e de inovação (CUA/OCDE, 2022[11]).
Quadro 6.6. Competências transferíveis por segmento da cadeia de valor, no setor das energias renováveis
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Segmento |
Competências transferíveis |
---|---|
Desenvolvimento de projeto |
Estudos técnicos (geotécnicos, necessidades de água, etc.) Estudos de impacto social e ambiental Preparação do terreno (limpeza, arranque, etc.) Estudos de ligação à rede e de reforço |
Fabrico e distribuição |
Montagem de componentes |
Construção e instalação |
Aquisição de componentes Construção civil Trabalhos de engenharia civil |
Funcionamento e manutenção |
Operações de base Limpeza do local e gestão da segurança Manutenção mecânica e elétrica regular Exploração e manutenção da alimentação elétrica |
Fonte: Banco Mundial/ESMAP (2024[28]), Job Creation and Skills Development During the Energy Transition – Egypt, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099012324070535949/pdf/P17054613550c90311bcca14bbb87596a7a.pdf.
Os governos podem adotar estratégias nacionais participativas, inclusivas e proativas para antecipar a procura de competências. Isto é particularmente verdade em subsetores-chave como o hidrogénio verde, as tecnologias de refrigeração, a dessalinização da água e o armazenamento eficiente de energia. Esta abordagem teria em conta os interesses dos cidadãos no planeamento de projetos de energias renováveis, especialmente no que diz respeito a projetos de desenvolvimento local, emprego e igualdade de género. Os incentivos podem encorajar os investidores privados a contratar trabalhadores locais para a execução de projetos de energias renováveis. As necessidades de competências podem também ser antecipadas através do diálogo social, que posiciona os trabalhadores e os empregadores como fontes de opinião informada e de conhecimentos especializados (ERF/GIZ, 2023[35]). Este diálogo deve ser sensível às questões de género, tanto em termos de abordagem como de orçamento, para facilitar a participação das mulheres no mercado de trabalho (Figura 6.4 e Figura 6.6). Do mesmo modo, uma abordagem territorial descentralizada pode incentivar as mulheres a participar ativamente no setor das energias renováveis, tanto nos segmentos a montante como a jusante das cadeias de valor (IRENA, 2019[47]).
Em Marrocos, a Ação 48.5 da Estratégia Nacional de Eficiência Energética apela à criação de cooperativas de energia rural que reúnam competências locais para desenvolver ofertas de serviços energéticos locais adaptados às necessidades das comunidades agrícolas. É dada especial atenção ao aconselhamento e manutenção de bombas solares e equipamento de alta tecnologia (Reino de Marrocos, 2020[40]).
Alargar a oferta de competências relacionadas com as energias renováveis através de programas de formação de elevada qualidade, nomeadamente em investigação e desenvolvimento, formação profissional e aprendizagem
O investimento em centros tecnológicos e em investigação e desenvolvimento deverá garantir a emergência de uma mão de obra qualificada e incentivar a inovação. Há uma procura particularmente elevada de investigadores em energia solar, gestores de projetos e operações de parques eólicos, engenheiros geotérmicos, modeladores de energia e engenheiros especializados em clima e energia solar térmica. Nos últimos anos, foram envidados esforços no sentido de criar organismos de investigação e desenvolvimento para melhorar a investigação na área das energias renováveis, promover a eficiência energética e estimular a cooperação entre empresas.
Na Tunísia, o Pólo Tecnológico de Borj-Cédria é um importante polo de investigação e desenvolvimento nos domínios das energias renováveis e do desenvolvimento sustentável. Reúne 450 investigadores permanentes e 600 estudantes de doutoramento e pós-doutoramento, sendo responsável por 16% da produção científica nacional. Em 2023, o Centro de Investigação e Tecnologias Energéticas (CRTEn) lançou o laboratório Energy Training & Consulting para reforçar a transferência de tecnologia no setor das energias renováveis (Banco Mundial/ESMAP, 2024[23]).
Na Argélia, o Centro de Desenvolvimento das Energias Renováveis (CDER) concebe e implementa programas de energia solar, eólica, geotérmica e de biomassa. Dispõe de três unidades de investigação e de uma filial comercial, a ER2, que tem atualmente um alcance nacional como centro de excelência no domínio das energias renováveis (CDER, 2024[48]).
O empenho ativo das autoridades nacionais é crucial para o desenvolvimento e a viabilidade das instituições de EFTP. As autoridades nacionais desempenham um papel central na criação de um ambiente propício ao desenvolvimento destas instituições. Os parceiros internacionais também prestam apoio financeiro e técnico. O aumento do financiamento dos operadores nacionais incentivaria os prestadores de EFTP a aumentar a oferta de competências no setor.
No Egito, foram cruzados centros de excelência setoriais no âmbito do Ministério da Educação e do Ensino Técnico (MoETE). Estes centros prestam serviços especializados de EFTP em setores específicos, incluindo as energias renováveis e setores conexos que pretendem desenvolver. Estes centros apoiam os liceus técnicos através de um sistema de ensino que integra as esferas educativa e comercial. Estão também encarregados de estabelecer ligações com universidades e centros de investigação para fornecer às escolas conhecimentos atualizados a um nível avançado (ERF/GIZ, 2023[35]).
Os estágios e os programas de trabalho-estudo dão aos jovens a oportunidade de desenvolverem as suas competências profissionais no setor. Estes programas devem prestar especial atenção ao desenvolvimento de competências técnicas, como a mecânica e a eletricidade, bem como de competências transversais, como a gestão de projetos. É essencial incentivar os programas de estágios remunerados, especialmente para os recém-licenciados em engenharia. Estão disponíveis vários incentivos fiscais para estimular a participação das empresas, dentro de um quadro claramente definido. Além disso, devem ser promovidos programas de trabalho-estudo em subsetores de excelência para incentivar o desenvolvimento das competências estratégicas necessárias no setor das energias renováveis (CUA/OCDE, 2022[11]).
Na Mauritânia, o Ministério do Emprego e da Formação Profissional, em parceria com a União Nacional dos Empregadores da Mauritânia e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançou a plataforma digital STAGI em 2022, para facilitar a integração social e profissional dos jovens licenciados através de um sistema de tutoria e ligando-os a empresas para estágios (PNUD, 2022[49]).
Mobilizar o financiamento e a cooperação regionais e internacionais, tanto do setor público como do privado, para apoiar o desenvolvimento de competências relacionadas com as energias renováveis
As parcerias regionais ajudam a divulgar conhecimentos e a identificar sinergias. Estas iniciativas ajudam a reforçar os esforços de investigação e formação e promovem a inovação e a criação de redes de peritos. A criação de plataformas regionais facilitaria a partilha das melhores práticas e conhecimentos, reunindo simultaneamente recursos humanos, financeiros e logísticos. Uma cooperação regional mais estreita permitir-nos-ia identificar melhor a posição de cada país nas cadeias de valor, facilitando a identificação das competências a desenvolver. Por exemplo, alguns países da região dispõem de reservas de fosfato e de cobalto, o que lhes poderia permitir desenvolver indústrias específicas em setores relacionados com a transição energética, como o fabrico de baterias e de painéis solares.
Um exemplo de cooperação bilateral, o MICEP (Parque Energético Marrocos-Costa do Marfim) é uma parceria de investigação entre o Instituto de Investigação para a Energia Solar e as Novas Energias (IRESEN) de Marrocos e o Instituto Politécnico Nacional Félix Houphouët-Boigny (INPHB) da Costa do Marfim para promover a formação, a transferência de conhecimentos e a inovação no domínio da eficiência energética e das energias renováveis (Banco Mundial/ESMAP, 2024[50]).
A nível regional, o Centro Regional para as Energias Renováveis e a Eficiência Energética (RCREEE) oferece programas de reforço das capacidades, mediante pedido, aos países da região do Médio Oriente e do Norte de África (MENA) que pretendam estabelecer e reforçar as suas qualificações, competências e conhecimentos especializados no domínio das energias renováveis e da eficiência energética (CUA/OCDE, 2022[11]).
O reconhecimento mútuo de competências, diplomas e certificados pode melhorar a mobilidade da mão de obra na região. A mobilidade melhora o acesso a uma mão de obra especializada, colocando as pessoas em empregos onde as suas competências serão mais úteis e estimulando o investimento no setor. Além disso, aumenta a procura, aumentando o fluxo de capital humano para os países, nomeadamente através de esforços para harmonizar as políticas de educação, proteção social e emprego na região. Apesar das políticas divergentes observadas na região, surgiram iniciativas relevantes, nomeadamente sob a forma de organismos técnicos internacionais.
A Rede Mediterrânica de Centros Nacionais de Informação sobre o Reconhecimento de Qualificações (MERIC-Net), que foi financiada pela Comissão Europeia de 2016 a 2019, teve como objetivo incentivar e melhorar o reconhecimento das qualificações na região do Mediterrâneo, a fim de facilitar a mobilidade nas instituições de ensino superior dos países envolvidos. Este projeto permitiu a introdução de novos procedimentos de reconhecimento com base na experiência adquirida durante o projeto (MERIC-Net, 2024[51]; AIE, 2020[16]).
A implementação de um quadro regulamentar específico pode reforçar os laços com os parceiros públicos e privados a nível internacional. O desenvolvimento de um ambiente propício a parcerias com o setor privado através de reformas ou da criação de instituições específicas pode ajudar a estimular a investigação e a inovação e facilitar o investimento e o acesso ao financiamento no setor (Caixa 6.3). Atualmente, mais de 75% do crescimento do setor das energias renováveis no Norte de África resulta de políticas de apoio e de quadros regulamentares que facilitam o investimento privado (AIE, 2020[16]).
Em Marrocos, a parceria entre a Huawei e o Gabinete Nacional de Eletricidade e Água Potável (ONEE), estabelecida em 2023, serve de alavanca para reforçar as competências técnicas e tecnológicas do setor. O acordo prevê o acesso ao centro de ciência e tecnologia da eletricidade do ONEE e ao seu equipamento técnico de laboratório, bem como a concepção e execução de projetos conjuntos (La vie éco, 2023[52]).
Desde 2020, o Banco Mundial tem vindo a prestar assistência técnica à Autoridade Geral de Parcerias Público-Privadas da Tunísia (IGPPP) para melhorar a viabilidade e a eficiência das parcerias públicas e privadas. Esta iniciativa dispõe de um fundo de desenvolvimento de projetos centrado em três áreas de intervenção: i) reforço das capacidades para estabelecer uma sólida reserva de projetos, incluindo 1 700 megawatts de energia solar e eólica; ii) reforço da preparação dos projetos (análise de rentabilidade, viabilidade, concursos públicos, etc.); e iii) melhoria do acompanhamento dos projetos (Grimm, Bertolini and Tejada Ibañez, 2024[53]).
Caixa 6.3. Iniciativa AFIC da Cidade Financeira de Casablanca: Uma reserva de talentos para catalisar a competitividade
Copy link to Caixa 6.3. Iniciativa AFIC da Cidade Financeira de Casablanca: Uma reserva de talentos para catalisar a competitividadeO Africa Finance Institute in Casablanca (AFIC), uma iniciativa da Autoridade da Cidade Financeira de Casablanca e da Região de Casablanca-Settat, visa promover a adoção de normas profissionais no setor dos serviços financeiros e profissionais.
Com inauguração prevista para junho de 2025, o instituto oferecerá programas de formação e certificações, centrados nas finanças ecológicas e sustentáveis, para permitir que os profissionais do setor financeiro se mantenham atualizados em relação às últimas tendências e melhores práticas do setor. O AFIC visa promover os mais elevados padrões de ética e integridade no setor dos serviços financeiros e profissionais, bem como reforçar e diversificar o conjunto de profissionais multilingues altamente qualificados que satisfazem as necessidades da Cidade Financeira de Casablanca, de Marrocos e de todo o continente africano.
A iniciativa é apoiada por um ecossistema de parceiros estratégicos nacionais e internacionais e organismos profissionais, tais como o Institute of International Finance (IIF), o Chartered Financial Analyst Institute (CFA Institute), o Chartered Insurance Institute (CII), o Chartered Banker Institute (CBI) e o Chartered Institute for Securities & Investment (CISI).
Anexo 6.A. Inquérito qualitativo aos principais intervenientes no setor das energias renováveis do Norte de África
Copy link to Anexo 6.A. Inquérito qualitativo aos principais intervenientes no setor das energias renováveis do Norte de ÁfricaMetodologia do inquérito
O inquérito baseia-se numa abordagem qualitativa que utiliza entrevistas semiestruturadas com os principais intervenientes no setor das energias renováveis. As entrevistas foram agendadas para janeiro de 2024. Para garantir que a investigação respeitasse elevados padrões éticos, foi pedido aos participantes o seu consentimento explícito para que o áudio das entrevistas fosse gravado. As entrevistas, que duraram entre 45 minutos e uma hora, foram transcritas.5
A população-alvo
O inquérito baseia-se numa amostra não representativa de 18 participantes que abrange a maioria dos países do Norte de África. Inclui representantes do setor público, associações industriais e empresas privadas e públicas que operam no setor das energias renováveis ou que utilizam energias renováveis:
-
Os representantes do setor público (do Ministério da Educação ou do Gabinete de Formação Profissional) estão envolvidos no desenvolvimento de programas de formação. Estas instituições oferecem programas de formação que abrangem a formação inicial, contínua e profissional.
-
As associações industriais estão direta e indiretamente envolvidas na formação do pessoal das empresas que as integram. Estas associações atuam como intermediárias entre as empresas que as integram e os ministérios e defendem os interesses dos seus membros.
-
As organizações que facilitam o acesso ao financiamento público e privado prestam apoio na preparação de pedidos de financiamento e na procura de investidores.
Referências
[12] Afrobarometer (2023), Online Analysis, https://www.afrobarometer.org/online-data-analysis/.
[18] AIE (2024), Energy Statistics Data Browser, https://www.iea.org/data-and-statistics/data-tools/energy-statistics-data-browser?country=EGYPT&fuel=Energy%20supply&indicator=TESbySource (consultado em 27 de novembro de 2023).
[38] AIE (2024), Law No. 426 establishing the Renewable Energy Authority of Libya (REAOL), https://www.iea.org/policies/4950-law-no-426-establishing-the-renewable-energy-authority-of-libya-reaol (consultado em 27 de novembro de 2023).
[16] AIE (2020), Clean Energy Transitions in North Africa, https://iea.blob.core.windows.net/assets/b9c395df-97f1-4982-8839-79f0fdc8c1c3/Clean_Energy_Transitions_in_North_Africa.pdf.
[42] AIE (2016), Renewable Energy and Energy Efficiency Development Plan 2015-2030, https://www.iea.org/policies/6103-renewable-energy-and-energy-efficiency-development-plan-2015-2030.
[32] AUDA-NEPAD (2021), Africa Kaizen Annual Conference 2021 - Announcement, https://www.nepad.org/publication/africa-kaizen-annual-conference-2021-announcement.
[43] Autoridade para as Energias Renováveis da Líbia (2012), Libya Renewable Energy Strategic Plan 2013-2025, https://climate-laws.org/documents/libya-renewable-energy-strategic-plan-2013-2025_100b?q=libya&id=libya-renewable-energy-strategic-plan-2013-2025_2e80.
[27] BAfD (2016), The Renewable energy sector and youth employment in Algeria, Libya, Morocco and Tunisia, https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Publications/The_Renewable_Energy_Sector_and_Youth_Employment_in_Algeria__Libya__Morocco_and_Tunisia.pdf.
[8] Banco Mundial (2023), Education Statistics, https://databank.worldbank.org/source/education-statistics-%5E-all-indicators (consultado em 27 de novembro de 2023).
[13] Banco Mundial (2023), Global Bilateral Migration, https://databank.worldbank.org/source/global-bilateral-migration (consultado em 27 de novembro de 2023).
[4] Banco Mundial (2023), Labor force participation rate, https://data.worldbank.org/indicator/SL.TLF.CACT.FE.ZS?locations=DZ-EG-TN-LY-MR-MA (consultado em 3 de junho 2024).
[2] Banco Mundial (2023), World Development Indicators (base de dados), https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators.
[26] Banco Mundial (2022), The employment benefits of an energy transition in Egypt, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099040012072216853/pdf/P17054604e29d008a0b91e056926cbfc7ab.pdf.
[25] Banco Mundial (2022), The employment benefits of an energy transition in Morocco, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099045112072229005/pdf/P17054605f2e8209208fa80241ca43a9fa7.pdf.
[28] Banco Mundial/ESMAP (2024), Job Creation and Skills Development During the Energy Transition - Egypt, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099012324070535949/pdf/P17054613550c90311bcca14bbb87596a7a.pdf.
[50] Banco Mundial/ESMAP (2024), Job creation and skills development during the energy transition - Morocco, https://documents.banquemondiale.org/fr/publication/documents-reports/documentdetail/099012324071522189/p1705461161e5d8813e9114dbf1b92a137252142a242.
[23] Banco Mundial/ESMAP (2024), Job creation and skills development during the energy transition - Tunisia, https://documents1.worldbank.org/curated/en/099011524131520481/pdf/P17054612bbe400361868.
[48] CDER (2024), The EPST CDER, https://www.cder.dz/spip.php?rubrique87 (consultado em 27 de novembro de 2023).
[24] CUA/OCDE (2023), Dinâmicas do desenvolvimento em África 2023: Investir no desenvolvimento sustentável, African Union Commission, Addis Ababa/OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/3269532b-en.
[11] CUA/OCDE (2022), Dinâmicas do desenvolvimento em África 2022: Cadeias de valor regionais para uma recuperação sustentável, African Union Commission, Addis Ababa/OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/2e3b97fd-en.
[15] Deloitte (2023), Green hydrogen: Energizing the path to net zero, https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/fr/Documents/sustainability-services/deloitte_green-hydrogen-report-2023.pdf.
[14] El-Katiri, L. (2023), Sunny side up: Maximising the European Green Deal’s potential for North Africa and Europe, https://ecfr.eu/publication/sunny-side-up-maximising-the-european-green-deals-potential-for-north-africa-and-europe/.
[19] Embaixada de França na República Árabe do Egipto (2022), Politiques sectorielles : L’Égypte affirme ses ambitions dans les énergies renouvelables et l’hydrogène vert, https://www.tresor.economie.gouv.fr/PagesInternationales/Pages/1148cef9-9637-4484-a51b-24321fafea0b/files/4632b13a-ae3e-486b-86e3-6655156fad85.
[35] ERF/GIZ (2023), Green Jobs and the Future of Work in Egypt: A Focus on the Agriculture and Renewable Energy Sectors, https://erf.org.eg/publications/green-jobs-and-the-future-of-work-in-egypt-a-focus-on-the-agriculture-and-renewable-energy-sectors/.
[7] Filmer, D. et al. (2020), “Learning-adjusted years of schooling (LAYS): Defining a new macro measure of education”, Economics of Education Review, Vol. 77, p. 101971, https://doi.org/10.1016/j.econedurev.2020.101971.
[3] FMI (2023), World Economic Outlook, https://www.imf.org/en/Publications/WEO.
[53] Grimm, F., L. Bertolini and M. Tejada Ibañez (2024), Bridging the infrastructure gap: A project development fund for Tunisia’s PPP projects, https://blogs.worldbank.org/fr/arabvoices/bridging-infrastructure-gap-project-development-fund-tunisias-ppp-projects.
[1] ILOSTAT (2023), ILO Modelled Estimates (database), https://ilostat.ilo.org/fr/ (consultado em 27 de novembro de 2023).
[36] Intec (2024), De-Risking Foreign Investments for Renewable Energy in Libya, https://www.gopa-intec.de/fr/news/de-risking-foreign-investments-renewable-energy-libya.
[21] IRENA (2023), North Africa: Policies and finance for renewable energy deployment, https://mc-cd8320d4-36a1-40ac-83cc-3389-cdn-endpoint.azureedge.net/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2023/Dec/IRENA_North_Africa_policies_finance_RE_2023.pdf?rev=e3c4c1eb15124941a64faa70e6deb24a.
[47] IRENA (2019), Renewable Energy: A Gender Perspective, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2019/Jan/IRENA_Gender_perspective_2019.pdf?rev=bed1c40882e54e4da21002e3e1939e3d.
[46] IRENA (2018), Global energy transformation: a roadmap to 2050, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2018/Apr/IRENA_Report_GET_2018.pdf.
[41] IRENA (2018), Renewable Energy Outlook: Egypt, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2018/Oct/IRENA_Outlook_Egypt_2018_En_summary.pdf?la=en&hash=58DBAA614BE0675F66D3B4A2AC68833FF78700A0.
[20] IRENA/BAfD (2022), Renewable Energy Market Analysis, https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2022/Jan/IRENA_Market_Africa_2022.pdf?rev=bb73e285a0974bc996a1f942635ca556.
[22] IRENA/OIT (2023), Renewable Energy and Jobs: Annual Review 2023, https://www.irena.org/Publications/2023/Sep/Renewable-energy-and-jobs-Annual-review-2023.
[34] JICA (2023), Strategy for Africa Kaizen Initiative, https://www.jica.go.jp/english/activities/issues/private_sec/__icsFiles/afieldfile/2023/12/15/no4_aki.pdf.
[52] La vie éco (2023), “Réseau électrique : l’ONEE et Huawei renforcent leur collaboration”, La Vie éco, https://www.lavieeco.com/affaires/secteurs/reseau-electrique-lonee-et-huawei-renforcent-leur-collaboration/#:~:text=L’Office%20national%20de%20l,dans%20le%20syst%C3%A8me%20%C3%A9lectrique%20marocain.
[30] Lukonga, I. (2020), Les solutions numériques pour les petites entreprises dans la région Moyen-Orient et Afrique du Nord, https://www.imf.org/fr/Blogs/Articles/2020/09/22/blog-digital-solutions-for-small-businesses-in-the-mena#:~:text=Les%20petites%20et%20moyennes%20entreprises,50%20%25%20et%2070%20%25%20respectivement.
[45] Masen (2024), Présentation, https://www.masen.ma/fr/presentation#:~:text=Masen%20est%20le%20groupe%20charg%C3%A9,MW%20%C3%A0%20l’horizon%202030 (consultado em 27 de novembro de 2023).
[29] Masen (2023), Étude d’impact environnemental et social du projet solaire photovoltaïque de Noor Atlas : Plan de Gestion Environnementale et Sociale, https://www.masen.ma/sites/default/files/documents_rapport/Masen_Programme%20Noor%20Atlas_Projet%20Noor%20TanTan_PGES_V.f%C3%A9vrier%202023.pdf.
[51] MERIC-Net (2024), MERIC-Net website, http://www.meric-net.eu/en/index.aspx (consultado em 27 de novembro de 2023).
[44] Ministério da Energia e das Minas (2011), Programme des Énergies Renouvelables et de l’Efficacité Énergétique, https://climate-laws.org/document/renewable-energy-and-energy-efficiency-development-plan_7cf0.
[10] Morsy, H. and A. Mukasa (2019), “Youth jobs, skill and educational mismatches in Africa”, Working Paper Series, No. 326, African Development Bank Group, Abidjan, https://www.afdb.org/sites/default/files/documents/publications/wps_no_326_youth_jobs_skill_and_educational_mismatches_in_africa_f1.pdf.
[6] OCDE (2024), L’autonomisation économique des femmes au Maroc: De l’engagement à la mise en œuvre, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/d4312bd3-fr.
[5] OCDE (2023), SIGI 2023 Global Report: Gender Equality in Times of Crisis, Social Institutions and Gender Index, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/4607b7c7-en.
[17] OIT (2018), World Employment and Social Outlook 2018: Greening with jobs, https://www.ilo.org/media/417086/download.
[33] PAM (2023), JICA and WFP introduce the Japanese Kaizen Management Approach to Libyan Youth and Female Entrepreneurs, https://www.wfp.org/news/jica-and-wfp-introduce-japanese-kaizen-management-approach-libyan-youth-and-female.
[54] Plan Bleu (2008), Changement climatique et énergie, https://planbleu.org/wp-content/uploads/2008/07/77-Changement-climatique-et-energie-en-Mediterranee-Plan-Bleu-et-BEI-2008.pdf.
[49] PNUD (2022), Cérémonie de lancement de la plateforme numérique STAGI, https://www.undp.org/fr/mauritania/discours/ceremonie-de-lancement-de-la-plateforme-numerique-stagi.
[40] Reino de Marrocos (2020), Stratégie nationale de l’efficacité énergétique à l’horizon 2030, https://www.mem.gov.ma/Lists/Lst_rapports/Attachments/33/Strat%C3%A9gue%20Nationale%20de%20l%27Efficacit%C3%A9%20%C3%A9nerg%C3%A9tique%20%C3%A0%20l%27horizon%202030.pdf.
[37] Renewables Now (2023), Libya sets 4 GW renewable energy target by 2035, https://renewablesnow.com/news/libya-sets-4-gw-renewable-energy-target-by-2035-844350/.
[39] República da Tunísia (2023), Stratégie Energétique de la Tunisie à l’Horizon 2035 : Synthèse, https://www.energiemines.gov.tn/fileadmin/docs-u1/synth%C3%A8se_strat%C3%A9gie_2035.pdf.
[31] Suzuki, M. and E. Sakamaki (2020), Opportunities for Kaizen in Africa: Developing the Core Employability Skills of African Youth Through Kaizen, https://doi.org/10.1007/978-981-15-0364-1_7.
[9] UNESCO (2023), World Inequality Database on Education, https://www.education-inequalities.org/ (consultado em 27 de novembro de 2023).
Observações
Copy link to Observações← 1. O número de dias e noites mais quentes (+2°C) quase duplicou desde a década de 1970. As tendências da pluviosidade observadas são mais variadas e menos pronunciadas, caracterizando-se por diminuições acentuadas em Marrocos e na Argélia, bem como em partes da Líbia, e por um ligeiro aumento no Egito (Plan Bleu, 2008[54]).
← 2. Oito países ainda não ratificaram o Acordo de Paris: Irão (1,30% das emissões globais), Turquia (1,24%), Iraque (0,20%), Angola (0,17%), Iémen (0,07%), Eritreia (0,01%), Sudão do Sul (dados disponíveis) e Líbia (dados não disponíveis).
← 3. O cenário de políticas declaradas (STEPS) baseia-se nos parâmetros políticos actuais e tem em conta objectivos e compromissos ambiciosos apenas na medida em que estes sejam apoiados por políticas pormenorizadas. A Mauritânia não está incluída neste cálculo. Dados não publicados.
← 4. Os resultados do inquérito baseiam-se em entrevistas realizadas em toda a região, abrangendo os setores público e privado, bem como o meio académico. O anexo apresenta a metodologia do inquérito e a população-alvo.
← 5. O questionário está disponível mediante pedido.