As tecnologias digitais podem melhorar a qualidade de vida, potenciando a produtividade e a criação de emprego, reforçando a governação democrática e oferecendo oportunidades para uma administração pública mais colaborativa e participativa. Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste (PALOP-TL), à semelhança de outros países, fizeram progressos significativos nos últimos anos na utilização das tecnologias digitais para promoção da eficácia interna, simplificação dos procedimentos governamentais e melhoria dos serviços públicos. No entanto, para colherem todos os benefícios da utilização das tecnologias e modernizarem as suas capacidades administrativas essenciais, como a cobrança de impostos, a monitorização das despesas e a gestão da função pública, os PALOP-TL devem continuar a realizar progressos no que diz respeito às suas políticas e práticas no domínio do governo digital. Mais concretamente, os governos dos PALOP-TL devem ser encorajados a ir além da informatização dos procedimentos administrativos internos, de forma a transformarem verdadeiramente o setor público, recorrendo a abordagens impulsionadas pelos cidadãos.
A experiência dos PALOP-TL demonstra que as transições digitais em países em desenvolvimento são frequentemente desordenadas e sujeitas a retrocessos. No entanto, tendem para três áreas de principais de atuação: 1) soluções digitais para a realização das funções essenciais de governo; 2) fundamentos para a transformação digital do setor público; e 3) serviços digitais para os cidadãos e para as empresas.
Apesar de os PALOP-TL partilharem laços históricos, transformações sociais e políticas comuns e de apresentarem semelhanças nas suas estruturas governamentais, nenhum dos países está na mesma fase de desenvolvimento de governo digital. Os progressos são amplamente influenciados pelo grau de estabilidade política e de coerência institucional de cada país. Um grupo de países (Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) está numa fase menos avançada do desenvolvimento da sua administração, e depende mais de abordagens de governo eletrónico para assegurar o seu funcionamento coerente. Os restantes países (Angola, Cabo Verde e Moçambique) estão mais avançados e, em alguns casos, preparados para fazer uma transição mais abrangente rumo ao governo digital. Apesar desta variação entre países, os PALOP-TL enfrentam limitações comuns na concretização do governo digital, desde problemas relacionados com a fraca qualidade das infraestruturas, à incoerência institucional e aos baixos níveis de literacia digital.