Este capítulo apresenta uma avaliação do Peru. Inicia uma visão geral do contexto do país e, em seguida, analisa o progresso do Peru em oito dimensões mensuráveis. O capítulo conclui com recomendações de políticas específicas.
Índice de políticas para PMEs: América Latina e o Caribe 2024
19. Peru
Resumo
Visão geral
O desempenho do Peru na segunda edição do Índice de Políticas para PMEs demonstra os vários esforços e programas que o país tem em vigor para o desenvolvimento das PMEs. Em geral, o desempenho do Peru se destaca nas dimensões de Inovação e Tecnologia (Dimensão 5) e Acesso ao Mercado e Internacionalização (Dimensão 7), no qual melhorou em relação à avaliação de 2019 e obteve pontuação acima da média regional. No entanto, o país ainda enfrenta desafios específicos na dimensão de Ambiente Operacional e Simplificação de Procedimentos (Dimensão 2). Embora tenha melhorado sua pontuação em comparação com sua participação em 2019, principalmente devido ao desenvolvimento de seus serviços de governo eletrônico, ainda está abaixo da média regional.
O Peru tem mantido uma estrutura bem estabelecida para a política de PMEs e demonstrado práticas exemplares no planejamento de políticas de médio prazo. O país oferece uma ampla gama de programas e iniciativas para apoiar o desenvolvimento das PMEs, muitas vezes com objetivos claros e com prazos definidos. Entretanto, ainda há desafios na execução e no monitoramento dessas políticas e programas, o que dificulta a avaliação do impacto geral das medidas de apoio às PMEs.
Com vistas ao futuro, conforme detalhado neste capítulo, o Peru poderia se basear no Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional - Peru 2050, desenvolvendo uma estratégia de médio prazo para o desenvolvimento de PMEs. Essa estratégia poderia ser formulada em consulta com representantes do setor privado e organizações internacionais. O plano poderia se beneficiar da incorporação de objetivos realistas e quantificáveis e, ao mesmo tempo, fortalecer os mecanismos de implementação de seus vários programas de apoio às PMEs, garantindo seu alinhamento com as orientações estratégicas.
Contexto
A economia peruana enfrentou uma contração de 10,8% devido à pandemia em 2020, seguida de uma recuperação de 13,3% em 2021, impulsionada pela demanda doméstica, pelo crescimento dos setores produtivos e pelo aumento da renda corrente. Em 2022, a economia desacelerou para 2,7% (OECD, 2024[1]). Fatores como conflitos sociais, incerteza política e condições climáticas adversas afetaram a confiança das empresas e desaceleraram o investimento privado em setores não relacionados à mineração, enquanto o investimento em mineração se contraiu devido à ausência de novos projetos de grande escala (BCRP, 2022[1]).
Vários fatores, inclusive interrupções climáticas e choques de fornecimento, levaram a uma taxa de inflação máxima de 8,8% em junho de 2022. Em resposta, o Banco Central de Reserva do Peru (BCRP) aumentou a taxa de juros de referência em 500 pontos-base ao longo de 2022, chegando a 7,5% (BCRP, 2022[1]). ... No final de 2023, a taxa de inflação voltou a um nível dentro da meta de inflação, registrando 3,1%. A queda foi impulsionada pela rápida reversão do impacto dos choques de oferta sobre os preços dos alimentos observados no segundo semestre do ano. O déficit fiscal, depois de atingir 1,7% do PIB em 2022, aumentou para 2,7% em 2023 (BCRP, 2023[1]).
Em termos de emprego, os empregos formais nacionais e a participação dos salários aumentaram em 2023 em comparação com 2022 (INEI, 2023[1]). Entretanto, há uma tendência acentuada de queda nas taxas de crescimento do emprego devido à queda do emprego no setor agrícola afetado pelo fenômeno climático El Niño (BCRP, 2023[1])
Além disso, as PMEs peruanas, que constituem 99,5% de todas as empresas e geram 90% da população economicamente ativa no setor privado, foram significativamente afetadas pela crise de 2020. O número de empresas formais sofreu uma contração de 25,1% em 2020. Para resolver esse problema, o governo lançou programas de financiamento para ajudar as PMEs a enfrentar a crise de liquidez. Em 2023, o número de empresas atingiu 3,2 milhões; entretanto, houve mais alienações do que adições durante esse ano (INEI, 2023[1]). As atividades de comércio e serviços respondem por 86,5% das PMEs, enquanto as atividades de manufatura, construção, mineração e agricultura representam os 13,5% restantes (INEI, 2023[1]). O Peru tem 24 acordos comerciais em vigor com parceiros importantes, como China, Estados Unidos, Coreia do Sul, Canadá e Japão (MINCETUR, n.d.[1])
Dimensão 1. Estrutura Institucional
Até recentemente, o Peru mantinha uma estrutura razoavelmente bem estabelecida para a política de PMEs e exibia práticas louváveis no planejamento de políticas de médio prazo. Entretanto, a instabilidade política persistente interrompeu o planejamento e a implementação de políticas, limitando a frequência das Consultas Público-Privadas (PPCs). Além disso, a expansão do já grande setor informal impôs desafios à eficácia das políticas de PMEs, resultando em uma pontuação de 3,34 para a dimensão Estrutura Institucional.
A definição de PME do Peru (pontuação: 3) se baseia em um único critério: vendas totais. Esses valores são convertidos em Unidades Impositivas Tributárias (UIT) e são ajustados para levar em conta a inflação. Essa definição é universalmente adotada por todas as entidades públicas e permanece inalterada desde 2013. Durante esse período, a inclusão de um segundo parâmetro - emprego total - foi descontinuada devido a desafios na coleta de dados confiáveis sobre emprego. As micro e pequenas empresas são obrigadas a se registrar no Registro de Micro e Pequenas Empresas para ter acesso a programas e benefícios de apoio do setor público.
A pontuação do Peru na subdimensão de Planejamento Estratégico, Elaboração de Políticas e Coordenação, que é 3.01 está abaixo da média da AL9. O mandato da política de PMEs no Peru é confiado ao Ministério da Produção (PRODUCE), especificamente sob o alcance da Direção Geral de Desenvolvimento Empresarial (DGDE). A estrutura institucional para as políticas de PMEs é definida pelo DS 013-2013 da Lei para a Promoção do Crescimento Empresarial do Desenvolvimento Produtivo).
Até o momento, o Peru não possui uma Estratégia de Desenvolvimento de PMEs de médio prazo. As diretrizes estratégicas e os objetivos da política de PMEs até 2021 foram delineados no Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional (PEDN), que abordou implicitamente aspectos relevantes para as PMEs. Além disso, o Plano Estratégico Setorial Plurianual (PESEM) foi formulado e supervisionado pelo PRODUCE. O Centro Nacional de Planejamento Estratégico (CEPLAN) foi responsável por supervisionar a implementação do plano.
Em 2022, o governo aprovou um plano de desenvolvimento de longo prazo, o Plan Estratégico de Desarrollo Nacional-Perú 2050, criado pelo CEPLAN. Esse plano delineia direções estratégicas para a transformação social e produtiva do país, incluindo aspectos relacionados à competitividade, inovação e transformação digital que impactam indiretamente a política das PMEs. A ausência de um plano de médio prazo, juntamente com a persistente instabilidade política, levou à introdução de medidas ad hoc pela DGDE em resposta a questões políticas específicas.
A coordenação e a consulta das políticas de PMEs no Peru são supervisionadas pelo Conselho Nacional para o Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas (CODEMYPE). Esse conselho é composto por representantes de diferentes ministérios (Economia, Agricultura, Produção, Comércio Exterior, Turismo, entre outros), governos locais e associações do setor privado. Entretanto, sua influência e capacidade de coordenação têm sido relativamente fracas.
Outras instituições envolvidas na implementação de políticas para PMEs incluem o Tecnológico da Produção, especificamente por meio do CITES. Os principais programas, como o Programa Nacional Tu Empresa, o Proinnóvate e o Programa Nacional de Diversificación Productiva, foram criados com foco em microempresas e empresas de pequeno porte. No entanto, os atuais recursos financeiros e humanos alocados a esses programas são considerados insuficientes para atender às necessidades do setor de PMEs.
O Peru recebe uma pontuação de 3,82 na subdimensão de PPCs. Embora o país tenha um programa de consulta geral aos cidadãos desde 2009, com foco no desenvolvimento de novos atos legislativos e regulatórios como parte da política de transparência do governo, o período padrão de consulta dura 30 dias e não há um portal centralizado para coletar as opiniões dos cidadãos. As micro e pequenas empresas participam de consultas durante várias fases do desenvolvimento de atos legislativos e regulatórios, com o PRODUCE fazendo convites para feedback. O principal canal de consulta, o CODEMYPE, organizava anteriormente reuniões regulares com o apoio de uma secretaria dentro da DGDE, mas a instabilidade política interrompeu esse processo.
Além disso, o Peru enfrenta um desafio significativo com um grande setor informal, conforme refletido em sua pontuação de 3,86 na subdimensão Medidas para lidar com a economia informal. Dados recentes do PRODUCE indicam que a informalidade das empresas chega a 86,5%. Apesar dos dados positivos de emprego, o setor informal aumentou, especialmente durante a pandemia da COVID-19. O foco do governo é principalmente a redução da informalidade no trabalho, com programas específicos implementados pelo Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego (MTPE), com o apoio de organizações internacionais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O principal instrumento para lidar com a informalidade empresarial é o Programa Nacional Tu Empresa do PRODUCE. Entretanto, o financiamento limitado e a coordenação com outras instituições representam desafios.
O caminho a seguir
Aprimorar a definição de PME incorporando parâmetros adicionais, como emprego e ativos totais. Melhorar a troca de dados entre a administração tributária, o MTPE e o PRODUCE para obter informações confiáveis sobre o tamanho da empresa.
Desenvolver uma estratégia de médio prazo para o desenvolvimento de PMEs dentro da estrutura do Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional - Peru 2050, em consulta com representantes do setor privado e organizações internacionais. O plano deve incorporar objetivos realistas e quantificáveis. Incluir uma seção sobre monitoramento e avaliação e abordar a redução da informalidade empresarial.
Retomar e institucionalizar os PPCs por meio do sistema CODEMYPE. Garantir que as consultas sejam abertas a todas as categorias de PMEs.
Avaliar as medidas implementadas até o momento para reduzir a informalidade e elaborar um plano abrangente de médio prazo para a redução da informalidade trabalhista e empresarial, considerando os resultados do exercício de avaliação.
Dimensão 2. Ambiente operacional e simplificação de procedimentos
As PMEs que operam no Peru encontram um ambiente operacional desafiador, conforme indicado pela pontuação geral da dimensão de 2,86. A complexidade dos procedimentos, especialmente para abrir uma empresa (Registro de empresa 2,89) e declarar e pagar impostos (Facilidade de declaração de impostos 2,33) contribui para as dificuldades enfrentadas pelas empresas. O processo de reforma regulatória enfrentou desafios nos últimos anos, sofrendo uma desaceleração. No entanto, há progresso na prestação de serviços de governo eletrônico, refletido na pontuação de governo eletrônico de 3,88.
O Peru tem uma pontuação de 2,60 na subdimensão Simplificação da Legislação e Análise do Impacto Regulatório. As PMEs que operam no Peru encontram um ambiente relativamente complexo e restritivo com uma alta carga administrativa.
Embora o governo declare a presença de um plano de reforma regulatória, ele poderia se beneficiar de objetivos e prioridades mais claramente definidos e de um cronograma de implementação bem estruturado. Além disso, menos de 25% da legislação relacionada às atividades empresariais do setor privado foi revisada até o momento. A Avaliação de Impacto Regulatório (AIR) foi adotada desde 2017, com cada ministério responsável por conduzir a AIR durante a fase de elaboração legislativa e regulatória. A Comissão Multissetorial de Qualidade Regulatória (CMCR) supervisiona a aplicação da AIR, e todas as análises de AIR são disponibilizadas ao público.
O processo de registro envolve a intervenção de um notário, pois o fundador da empresa deve assinar a escritura de incorporação perante um notário público. Essa etapa aumenta significativamente o custo total do processo. Além disso, a obtenção de um Certificado de Inspeção Técnica de Segurança em Edifícios (ITSE) e a obtenção da licença de operação das autoridades locais levam um tempo considerável (14 dias).
Uma empresa no Peru recebe dois números de identificação para interagir com a administração pública. O primeiro é o número de registro emitido pela Nacional dos Registros Públicos (SUNARP), e o segundo é emitido pela administração tributária após o registro da empresa no Registro Único do Contribuinte (RUC). Embora não exista um balcão único (OSS), o Centro de Melhoria dos Serviços ao Cidadão, (MAC) oferece serviços de orientação e assistência a novos empreendedores. Para aprimorar seus serviços, a SUNARP introduziu o Registro Centralizado de Reclamações para resolver disfunções nos procedimentos de registro e melhorar o monitoramento do processo de registro de empresas.
Com relação aos impostos, conforme destacado no relatório Índice de Políticas de PMEs de 2019, o principal problema é o tempo necessário para a declaração dos impostos, que é de 260 horas por ano, bem acima da média da OCDE de 158,8 horas. Nenhuma nova reforma tributária foi introduzida desde 2019. Em vez disso, a administração tributária aumentou as ações voltadas para a prestação de assistência aos contribuintes e a aplicação de técnicas de gerenciamento de risco.
Em um desenvolvimento positivo, o Peru fez um progresso considerável no desenvolvimento de serviços de governo eletrônico. O país lançou sua primeira iniciativa para promover o governo digital em 2014 com a Iniciativa Zero Papel e estabeleceu a Secretaria de Governo e Transformação Digital.
A digitalização dos serviços públicos continua sendo um dos principais objetivos do governo. No período de 2021 a 2026, o governo pretende acelerar a transformação digital do setor público, atualizando a tecnologia e melhorando o sistema de governança. Em 2022, o Peru passou de alto para muito alto no Índice de Desenvolvimento de Governo Eletrônico da ONU. O país ficou em 59º lugar entre 193 países pesquisados.
O caminho a seguir
Esclarecer os objetivos do atual plano de reforma regulatória e concentrar-se nas áreas de relativa fragilidade. Ao mesmo tempo, deve tomar medidas para introduzir um teste da AIR para PMEs a fim de avaliar o impacto de novas leis e regulamentações em diferentes classes e tipologias de PMEs.
Tomar medidas para simplificar ainda mais o processo de registro de empresas e reduzir os custos associados, eliminando a necessidade de serviços notariais sempre que possível.
Implementar medidas para simplificar os procedimentos de declaração e pagamento de impostos e expandir seus serviços on-line.
Dimensão 3. Acesso a financiamento
O Peru obtém uma pontuação geral de 2,98 na dimensão Acesso a financiamento. Na subdimensão Estrutura legal, regulatória e institucional, obteve uma pontuação de 4,13, superando a média regional. Esse sucesso é atribuído principalmente aos avanços na regulamentação do mercado de títulos, ao desenvolvimento do registro de ativos e a um forte foco em garantias. Evidenciou-se que o Peru tem uma regulamentação mínima sobre a porcentagem de garantia exigida para empréstimos de médio prazo a PMEs.
Embora o Peru mostre progresso na regulamentação e institucionalização do registro de ativos, há áreas que precisam ser melhoradas. O cadastro e o registro de direitos de garantia sobre bens móveis estão disponíveis on-line, mas sua funcionalidade geral é limitada. Além disso, a propriedade das garantias não está adequadamente documentada e a aceitação de ativos móveis como garantia é seletiva, limitada a grandes tomadores de empréstimos e a alguns bancos.
O desenvolvimento da estrutura legal em termos de acesso a financiamento se beneficia das disposições governamentais sobre o mercado de valores mobiliários. Embora não haja regulamentação específica para PMEs no mercado de capitais, há um segmento separado para empresas de pequena capitalização com estratégias criadas para facilitar sua conformidade com os requisitos de listagem. O Peru pontua 3,24 na subdimensão de Fontes diversificadas de financiamento empresarial. Entretanto, enfrenta desafios significativos na subdimensão de crédito bancário e produtos de dívida tradicionais, o que afeta sua classificação geral. A ausência de sistemas de financiamento à exportação disponíveis para as PMEs é um fator crítico, apesar dos planos de implementar tais recursos no futuro.
Em termos de garantias, o Peru conta com a presença do FOGAPI, que tem como objetivo facilitar o acesso ao crédito fornecendo garantias aos intermediários financeiros quando os empresários não têm ativos suficientes como garantia. O país também tem várias instituições de poupança e crédito de microfinanças operando em todo o país. Além disso, o governo peruano promove outros mecanismos de financiamento para PMEs, tais como crowdfunding, regulamentado pela Regulamentação da atividade de Financiamento Participativo Financeiro e suas empresas administradoras. No entanto, a regulamentação atual apresenta barreiras que desestimulam a criação de novas empresas e plataformas de crowdfunding, incluindo um processo de registro demorado, altas exigências de capital mínimo e limites de financiamento que poderiam ser mais flexíveis. Melhorar a regulamentação para permitir que novas instituições entrem no mercado e expandam a gama de serviços oferecidos beneficiaria especialmente o setor de PMEs.
Na subdimensão de Educação Financeira, o Peru pontua 2,40. Embora o país tenha realizado medições das capacidades financeiras da população em geral, a maioria das avaliações não se concentrou especificamente no conhecimento dos microempresários. O Peru realizou pesquisas de capacidade financeira em 2012, 2019 e 2023, com o apoio da CAF e em colaboração com a Superintendência de Bancos, Seguros e Administradores de Fundos de Pensão, usando a metodologia estabelecida pela OCDE. Além disso, a alfabetização financeira de jovens em idade escolar (15 anos) foi medida como parte das avaliações PISA da OCDE.
O Peru integrou programas de educação financeira e empreendedorismo como disciplinas obrigatórias no currículo do ensino médio. O país definiu indicadores para o acompanhamento, monitoramento e avaliação dos programas de educação financeira para PMEs, juntamente com uma estratégia de monitoramento detalhada que divulga os resultados das linhas de base disponíveis. Foram realizadas avaliações de impacto dos programas de educação financeira, lideradas pelo Ministério da Educação e pela Superintendência de Bancos do Peru (SBS), com resultados que ajudam a ajustar os programas em andamento.
Na subdimensão de procedimentos eficazes para lidar com situações de falência ou insolvência e mecanismos para facilitar a reintegração produtiva dos empresários afetados, o Peru obteve a pontuação de 2,15. O país tem uma estrutura regulatória com leis universalmente aplicáveis, com base em princípios reconhecidos internacionalmente, que se estendem até mesmo a empresas estatais. Além disso, há um registro público de empresas insolventes e falidas, um sistema de alerta precoce para situações de insolvência e a possibilidade de recorrer a acordos extrajudiciais que são menos onerosos do que declarar falência.
O Peru também tem regulamentos para transações seguras, priorizando pagamentos quando os ativos da empresa falida são liquidados. No entanto, são necessários aprimoramentos para permitir que os credores garantidos apreendam suas garantias após a reorganização e imponham restrições, como a exigência de consentimento do credor ao entrar com pedido de reorganização. Após a falência, não há limite máximo de tempo para insolvência, nem um sistema automático para remover essas informações dos registros de insolvência e de crédito após o término do período. Além disso, não há um programa de capacitação para empresários cujos negócios não tiveram sucesso, embora exista um regime corretivo conhecido como regime de vigilância em colaboração com o SBS.
O caminho a seguir
Fortalecer o cadastro para torná-lo funcional, acessível ao público e on-line, tornar o registro de direitos de segurança em bens móveis acessível e on-line e garantir que a propriedade das garantias seja documentada.
Desenvolver uma regulamentação especial do mercado de capitais para as PMEs e fortalecer a estratégia para ajudar as PMEs a atender aos requisitos de listagem.
Desenvolver sistemas de financiamento de exportação com foco específico nas PMEs.
Promover a implementação e o início de mecanismos alternativos de financiamento para as PMEs, por exemplo, o crowdfunding que, mesmo sendo regulamentado, é difícil de ser implementado na prática devido a um processo demorado, altas exigências de patrimônio mínimo e limites de financiamento que poderiam ser mais flexíveis.
Realizar pesquisas regulares sobre a capacidade financeira das PMEs para obter informações atualizadas para a elaboração de programas de educação financeira, bem como elaborar e implementar um sistema de acompanhamento, monitoramento e avaliação de políticas e programas.
Fortalecer o sistema para lidar com a falência por meio de um mecanismo de capacitação para empresários cujos negócios faliram e permitir que os credores garantidos apreendam as garantias após a reorganização.
Criar um mecanismo automático que remova empresas e indivíduos dos registros oficiais de falência e insolvência quando a situação for resolvida, de acordo com as práticas recomendadas internacionais.
Estabelecer limites máximos de tempo para a insolvência (a experiência internacional indica que até 3 anos é um bom período de tempo para tais procedimentos).
Dimensão 4. Serviços de desenvolvimento de PMEs e compras públicas
A pontuação total do Peru nessa dimensão é de 3,54, que está abaixo da média regional de 4,18. O desempenho mais alto está na subdimensão de Serviços de Desenvolvimento Empresarial (BDS), com 3,73, seguido por compras públicas, com 3,60, e serviços de desenvolvimento empresarial, com 3,29. Isso representa uma queda no desempenho em relação ao SME PI de 2019, quando o Peru registrou uma pontuação total de 3,80.
Conforme observado na Dimensão 1. Estrutura Institucional o Peru não tem uma estratégia de desenvolvimento de médio prazo para as PMEs, o que dificulta as orientações estratégicas e os esforços de coordenação para o apoio ao BDS e ao empreendedorismo. O Plano Estratégico para o Desenvolvimento Nacional - Peru 2050 contém as prioridades gerais de desenvolvimento econômico e social, incluindo competitividade, inovação e digitalização, mas não inclui vínculos diretos ou explícitos com a política de PMEs e, portanto, com os serviços de desenvolvimento de negócios. De acordo com as informações fornecidas para esta avaliação, as orientações estratégicas para BDS são enquadradas pelo Plano Estratégico Institucional do PRODUCE, que é um documento institucional e não um plano ou estratégia de desenvolvimento de PMEs. Além disso, não existem análises atualizadas da demanda e da oferta para a prestação de BDS no país.
As informações sobre os BDS disponíveis são escassas. A única referência fornecida no questionário para esta avaliação é o Programa PROINNOVATE, que oferece cofinanciamento para inovação, desenvolvimento produtivo e empreendedorismo. O site do PRODUCE fornece informações sobre outros projetos e programas, incluindo acesso a mercados (Articulando Mercados), inovação (ProInnóvate), digitalização (Kit Digital), planejamento de negócios e transferências de tecnologia (Procompite), gestão (Tu Empresa), empreendedorismo (Startup Perú) etc. De acordo com as respostas ao questionário, os recursos financeiros disponíveis para esses programas não são suficientes para as necessidades das PMEs no país.
As compras públicas são regidas pela Lei 30225, que inclui alguns itens sobre a participação das PMEs, inclusive a possibilidade de formar consórcios e estabelecer um prazo de até 15 dias para o pagamento de bens e serviços. A Lei 31535 altera a Lei 30225 para incorporar a causa do "impacto nas atividades produtivas ou de fornecimento devido a crises de saúde" como critério para reduzir as penalidades para micro e pequenas empresas (MyPEs) que não puderam realizar suas atividades como resultado da COVID-19. Não há outras informações ou programas disponíveis sobre compras públicas e PMEs.
A escassez de conteúdo nas respostas a essa avaliação e a disponibilidade limitada e dispersa de informações públicas referentes a essa dimensão indicam que há uma ampla margem para o Peru aumentar seu desempenho em BDS, serviços para empreendedores e compras públicas.
O caminho a seguir
Alguns pontos importantes para o futuro incluem:
Considerar as orientações de políticas estratégicas para o fornecimento de BDS e serviços para empreendedores e startups, inclusive vinculando o apoio a pequenas empresas ao plano de desenvolvimento nacional mais amplo e elaborando medidas concretas, metas e resultados esperados. Essa abordagem estratégica vai além da prática atual de vincular a estratégia de BDS apenas ao plano institucional do PRODUCE.
Expandir a oferta de BDS, especialmente aqueles dirigidos a empreendedores e start-ups, que são muito mais limitados do que o apoio fornecido à população geral de PMEs. O Peru também poderia considerar a possibilidade de fornecer informações mais estruturadas e detalhadas sobre os serviços disponíveis e realizar estudos atualizados sobre as necessidades das pequenas empresas e dos empreendedores.
Introduzir medidas de apoio mais explícitas para que as PMEs participem dos contratos públicos. A estrutura existente contém muito poucos preceitos para facilitar e incentivar isso.
Dimensão 5. Inovação e tecnologia
O Peru registrou uma melhoria notável na dimensão Inovação e Tecnologia, com sua pontuação subindo de 3,50 em 2019 para 4,07 em 2023. Isso marca o maior aumento na região da América Latina e do Caribe. O principal impulsionador dessa tendência é a subdimensão Estrutura institucional, cuja pontuação aumentou de 2,98 em 2019 para 4,21 em 2024.
O Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Tecnológica (CONCYTEC) é o órgão de governo do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Tecnológica (SINACYT) do Peru. O SINAYCT também é composto por uma série de outras entidades dos setores público, privado e acadêmico, incluindo o Conselho Consultivo Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CONID), institutos públicos de pesquisa e entidades públicas que fornecem financiamento ou incentivos à inovação. O Peru mostrou progresso desde 2019 na estrutura institucional do Sistema de Inovação, com o ProInnóvate e o ProCiencia representando uma redefinição das entidades que promovem e apoiam a inovação. O ProInnóvate tem o mandato de implementar iniciativas para apoiar a inovação, o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento produtivo e o empreendedorismo inovador, com o objetivo de criar uma estrutura mais consolidada para o apoio à inovação, enquanto o ProCiencia é considerado a entidade vinculada à promoção de pesquisa e desenvolvimento.
Há uma série de instrumentos de apoio disponíveis para as PMEs inovadoras no Peru, o que contribui para uma pontuação acima da média de 3,94 na subdimensão Serviços de apoio à inovação. Parques científicos com financiamento público, centros de inovação, incubadoras e aceleradores fazem parte da estratégia, das leis ou das políticas de inovação do Peru. As PMEs inovadoras também podem se beneficiar de um banco de dados on-line de pesquisadores, que pode ser usado como uma ferramenta para formar iniciativas de pesquisa colaborativa. Além disso, o ProInnóvate Programa de Apoyo a Clusters (Programa de Apoio a Clusters) tem como objetivo fortalecer as inter-relações entre empresas na mesma área geográfica ou cadeia de valor, concedendo cofinanciamento para iniciativas de clusters selecionados.
A pontuação do Peru é de 4,06 na subdimensão Financiamento para inovação. Há várias fontes de apoio financeiro para ajudar as PMEs a realizar inovações. Entre elas estão os apoios diretos de cofinanciamento do ProInnóvate - que tem como alvo empresas de alto crescimento e mulheres empresárias como algumas de suas linhas estratégicas de ação - bem como os incentivos fiscais contidos na Lei nº 30 309. Além disso, há atualmente uma proposta para a introdução de um esquema de compras públicas para inovação, como um apoio do lado da demanda para a inovação das PMEs. Entretanto, a pontuação do Peru nessa subdimensão é reduzida pela aceitação relativamente baixa dos incentivos fiscais de P&D pelas PMEs, bem como pelas deficiências ou lacunas no monitoramento e na avaliação do financiamento dos programas de inovação.
O caminho a seguir
Para o futuro, o Peru poderia considerar:
Identificar e abordar as barreiras à adoção de incentivos fiscais de pesquisa e desenvolvimento pelas PMEs.
Realização de avaliações de impacto confiáveis dos principais programas do ProInnóvate, incluindo o fornecimento de apoio financeiro para a inovação das PMEs.
Dimensão 6. Transformação produtiva
O Peru continua a fazer esforços evidentes para aumentar a produtividade e a competitividade das PMEs, resultando em uma pontuação ligeiramente reduzida de 3,89 na dimensão de transformação produtiva. Esse declínio é atribuído em grande parte a mudanças metodológicas em comparação com a avaliação realizada em 2019. Atualmente, as direções estratégicas para a transformação produtiva e social do país estão delineadas no Plano Estratégico para o Desenvolvimento Nacional - Peru 2050, conforme detalhado na Dimensão 1. Estrutura Institucional. Simultaneamente, o Programa Orçamentário 00993 para o Desenvolvimento Produtivo das Empresas se destaca como um instrumento orçamentário que permite a coordenação dos gastos no setor de Produção para implantar serviços em benefício das PMEs. Além disso, o Plano Nacional de Competitividade e Produtividade 2019-2030 tem uma influência persistente que abrange vários aspectos, inclusive seu impacto nas PMEs. A combinação de todos esses esforços, juntamente com seus planos de ação detalhados que descrevem objetivos específicos e metas quantificáveis com prazo determinado, reflete-se na pontuação de 4,00 para a subdimensão Estratégias para aumentar a produtividade.
O Peru continua a participar ativamente do Programa de Apoio a Clusters (PAC), uma iniciativa operada pelo ProInnóvate. Esse compromisso se reflete em uma pontuação de 3,99 para a subdimensão Medidas para Incentivar e Apoiar Associações Produtivas. Esse programa funciona como uma chamada de propostas e envolve o cofinanciamento com recursos não reembolsáveis. Estruturado em dois componentes sequenciais, o primeiro componente, Dinamização de Iniciativas de Clusters Selecionados, concentra-se em atividades de mapeamento, diagnóstico e planejamento estratégico. O segundo componente, Implementação de Planos de Fortalecimento da Competitividade, concentra-se no desenvolvimento e na implementação de subprojetos priorizados. Apesar de a avaliação de 2019 não ter dados sobre os aspectos de monitoramento e avaliação do programa devido à sua natureza recente, ainda há uma considerável ausência de registros publicamente disponíveis sobre os mecanismos de monitoramento. Isso significa uma área significativa de melhoria no rastreamento e na avaliação do impacto do programa. No entanto, os resultados das chamadas para propostas estão disponíveis no site oficial do programa.
Em termos de parques industriais, incluindo o sistema nacional, o PRODUCE é o órgão governamental nessa área, responsável pela coordenação com as entidades competentes em todos os níveis de governo. Atualmente, os parques nacionais do Peru contam com um balcão único para serviços aos usuários, bem como serviços de inovação e transferência de tecnologia fornecidos pelo ProInnóvate e pelo Instituto Tecnológico de la Producción (ITP). No Plano Nacional de Competitividade e Produtividade, o Objetivo 6 dos nove objetivos delineados incorpora quatorze medidas, sendo a 6.3 intitulada "Estratégia Nacional para o Desenvolvimento de Parques Industriais". Essa medida visa a garantir a implementação de uma rede de parques industriais em nível nacional. Apresentada em 2020, essa estratégia engloba uma seção dedicada que delineia objetivos estratégicos, diretrizes, linhas de ação e uma matriz de indicadores e metas, contribuindo para a seção de monitoramento e avaliação. Essa abordagem reflexiva ressalta uma política caracterizada por elementos bem coordenados nessa área.
Os esforços de desempenho do Peru na subdimensão Integração em Cadeias Globais de Valor (CGV) (3,80) são atualmente orientados pelo Plano Nacional de Exportação - PENX 2025. Entre seus pilares, a Internacionalização de empresas tem precedência, especificamente na linha 1.3, que trata da Inserção em CGVs. Isso envolve várias atividades, incluindo o mapeamento, o monitoramento e a sistematização das CGVs estabelecidas nos mercados internacionais. Além disso, o plano enfatiza a formação de alianças estratégicas com parceiros comerciais para o desenvolvimento de projetos conjuntos de fornecimento para empresas multirregionais e globais. Além disso, ressalta a medição e o monitoramento dos indicadores de Comércio em Valor Agregado (TiVA), seguindo a metodologia da OCDE. Um elemento a ser destacado nesse plano é que ele se baseou nas lições aprendidas no plano anterior, incorporando novos mecanismos de monitoramento e avaliação, além de promover interação com várias partes interessadas por meio de fóruns de diálogo. Ao mesmo tempo, o Peru tinha um Programa de Desenvolvimento de Fornecedores que seguia esquemas semelhantes aos de outros países da região. No entanto, até o momento desta avaliação, não há informações disponíveis sobre sua continuidade, sendo que a última chamada registrada foi em 2019.
O caminho a seguir
Estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliação para que o Programa de Apoio os Clusters rastreie e avalie efetivamente seu impacto.
Continuar o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, incorporando as lições aprendidas na chamada anterior e disponibilizando as informações ao público.
Dimensão 7. Acesso ao mercado e internacionalização das PMEs
No geral, o Peru registra um bom desempenho na dimensão Acesso ao mercado e internacionalização, com uma pontuação de 4,36. Resultados heterogêneos se destacam nas subdimensões, especialmente nos programas de apoio à internacionalização e à facilitação do comércio.
Em termos de Programas de apoio à internacionalização, o Peru obteve uma pontuação de 4,91 graças à implementação de uma estratégia sólida liderada pela Comissão de Promoção do Peru para Exportações e Turismo (PromPerú), uma entidade autônoma do MINCETUR. As ações da PromPerú estão alinhadas com o Plano Estratégico Nacional de Exportação (PENX 2025) e com o Plano Nacional de Competitividade e Produtividade 2019-2030, ambos desenvolvidos com a ampla participação de atores públicos e privados.
A PromPerú oferece vários programas de apoio às PMEs exportadoras por meio de ferramentas em seu site, como inteligência de mercado, consultoria especializada, treinamento e eventos comerciais. Vale a pena destacar o programa "Rota de Exportação", projetado para fortalecer as capacidades de exportação, com participação ativa em 2022, beneficiando 7.107 PMEs.
Além disso, o Peru tem Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) que oferecem incentivos para a instalação de empresas nacionais, facilitando as atividades industriais, logísticas e de serviços. Em termos de financiamento, o país tem um ecossistema diversificado que inclui financiamento tradicional, fundos governamentais por meio da Corporação Financeira de Desenvolvimento (COFIDE) e programas como o "Fondo Crecer", que beneficiou 7.107 PMEs em 2022. Destaca-se também o Programa de Apoio à Internacionalização (PAI), que cofinancia projetos de empresas peruanas para fortalecer seu processo de internacionalização.
Na subdimensão Facilitação do comércio, o Peru obteve uma excelente pontuação de 4,72. O país oferece uma ampla gama de documentação e guias destinados a facilitar o processo de exportação para os empresários, incluindo informações específicas de acordo com o destino dos bens ou serviços, bem como um guia financeiro para exportadores, que esclarece os instrumentos financeiros associados ao comércio internacional. Além disso, o Peru tem ferramentas e programas criados para simplificar o comércio, como o PeruExpert, uma plataforma avançada para a internacionalização de empresas peruanas que facilita a conexão comercial entre o fornecimento de serviços e nichos especializados no mercado-alvo.
O MINCETUR administra as janelas únicas de comércio exterior (VUCE), que facilitam as operações comerciais. No primeiro semestre de 2023, 227.623 operações haviam sido realizadas no componente de Bens Restritos da VUCE, aproximadamente 48% da meta anual. Além disso, a Superintendência Nacional de Administração Aduaneira e Tributária (SUNAT) oferece certificação como Operador Econômico Autorizado (OEA) para empresas, com 376 empresas registradas até o momento. Há uma sólida estrutura regulatória que rege os OEAs. Nos Indicadores de Facilitação do Comércio (IFC) da OCDE, o Peru supera a média latino-americana em todas as categorias, com um índice geral de 1.568. Isso demonstra os esforços do país em aprimorar o acesso às informações, tornar mais simples as tarifas e encargos, e agilizar os documentos e processos relacionados ao comércio internacional.
Por outro lado, na subdimensão de comércio eletrônico, o Peru obteve uma pontuação de 3,57. Embora exista uma ampla regulamentação sobre o comércio eletrônico, ela está dispersa em várias leis, como a Lei de Proteção de Dados Pessoais e seus Regulamentos, a Lei de Assinaturas e Certificados Digitais e o Código de Proteção e Defesa do Consumidor. O INDECOPI é o órgão governamental responsável pela proteção dos direitos do consumidor e da concorrência.
A PromPerú implementa o programa de comércio eletrônico, treinando e aconselhando as PMEs a reduzir sua lacuna digital e competir no mercado global. Ela oferece benefícios como centros de distribuição para comércio eletrônico por meio dos escritórios comerciais do Peru no exterior e tarifas preferenciais para remessas por correio. Além disso, o PRODUCE e a PromPerú se esforçaram para promover o comércio eletrônico, participando de fóruns internacionais, como o Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico. Entretanto, essas iniciativas não contam com o apoio de um plano estratégico nacional com objetivos e indicadores mensuráveis.
Na subdimensão de padrões de qualidade, o Peru obteve uma pontuação de 4,10. A qualidade é um aspecto fundamental em vários programas de promoção de exportação e internacionalização, como o PNCP 2019-2030 e o PENX-2025, que buscam desenvolver uma oferta exportável de bens e serviços de qualidade. O Instituto Nacional de Qualidade (INACAL) desempenha um papel crucial na concessão de certificações, treinamento e orientação aos empresários para que cumpram os padrões, incluindo normas técnicas, gerenciamento de qualidade e metrologia.
O programa Innóvate Perú, reestruturado como Programa Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Proinnovate) em 2021, impulsiona a inovação tecnológica, o desenvolvimento e o empreendedorismo para gerar novos produtos, serviços e processos sustentáveis. Em 2023, o Proinnovate financiou mais de mil projetos de inovação com um orçamento de mais de US$ 40 milhões, incluindo projetos de financiamento para melhorar a produtividade e acessar novos mercados por meio da obtenção de certificações de sistemas de gestão, processos ou produtos. Embora a PromPerú não ofereça programas de treinamento específicos para melhorar os padrões de qualidade, ela os integra de forma transversal em outros programas de treinamento, como o RutaExportadora. A PromPerú também participa e organiza feiras nacionais e internacionais em que a melhoria dos padrões de qualidade é promovida.
Por fim, em termos dos benefícios dos esforços de integração regional, o Peru obteve uma pontuação de 3,58. Como membro da Aliança do Pacífico (AP), o Peru participa ativamente do Grupo Técnico de PMEs da AP. No âmbito da II Reunião dos Exportadores de PMEs da AP, foi realizado um Diálogo Público-Privado para desenvolver um Roteiro Público-Privado, com o objetivo de promover o crescimento, o desenvolvimento e a competitividade das PMEs nas economias dos países membros da Aliança do Pacífico.
Por sua vez, na Comunidade Andina, em 2021, foi aprovada a criação do Observatório Andino para a Transformação Empresarial das MPMEs, com o objetivo de socializar as políticas de fortalecimento empresarial, aproveitar o mercado andino, incentivar o uso das tecnologias de informação e comunicação e monitorar os indicadores de desempenho econômico. Além disso, no mesmo ano, a CAMIPYME coordenou a elaboração do Estudo para o Diagnóstico das Cadeias Regionais de Valor na Comunidade Andina, com a colaboração do BID/INTAL, para selecionar e priorizar as cadeias com potencial para fortalecer sua integração produtiva.
O caminho a seguir
Aprimorar e consolidar os programas de apoio ao comércio eletrônico e a coleta de dados, por meio de uma estratégia abrangente de transformação digital interministerial com um sistema dedicado para facilitar o monitoramento e a avaliação.
Realizar uma avaliação do impacto dos vários mecanismos de apoio existentes para as PMEs, com ênfase naqueles relacionados a certificados de qualidade, para melhor informar a elaboração de novas políticas, bem como para entender a combinação de programas aos quais uma determinada PME tem acesso.
Aprimorar as informações e os programas relacionados aos Operadores Econômicos Autorizados, oferecendo benefícios específicos às PMEs que obtiverem essa certificação.
Fortalecer a integração sub-regional e a capacitação das PMEs por meio de programas padronizados e colaborativos de promoção comercial e internacionalização. Destaca-se a importância de padronizar os programas entre as agências de promoção de exportação da Aliança do Pacífico, garantindo a coerência e facilitando a participação das PMEs.
Dimensão 8. Digitalização
O Peru ostenta uma pontuação na dimensão Digitalização de 4,11, sustentada por uma pontuação acima da média de 4,60 para sua Estratégia Nacional de Digitalização. A Estratégia Digital Nacional do país é um componente integral do Sistema Nacional de Transformação Digital e é regida pela Lei de Governo Digital. No entanto, o Plano de Governo Digital 2023-2025 (Agenda Digital Peruana), cujo objetivo é melhorar a adoção das TICs para aumentar a competitividade das PMEs, não tem uma estratégia independente. A coordenação do Sistema Nacional de Transformação Digital envolve as principais partes interessadas, com a Secretaria de Governo e Transformação Digital do PCM (Conselho de Ministros) à frente, garantindo a colaboração com entidades estatais e outros atores. Cada entidade tem funções designadas, e o monitoramento ocorre por meio de documentos de gestão institucional e, em nível macro, por meio da plataforma de indicadores digitais.
Na subdimensão Conectividade de banda larga, o Peru recebe uma pontuação menos robusta de 3,44. Isso é atribuído à Lei 29904, a Lei de Promoção da Banda Larga e Construção da Rede Nacional de Fibra Óptica (2012-2032). A Agenda Digital do Peru descreve duas ações principais: primeiro, impulsionar a adoção generalizada da banda larga por meio de uma rede principal de fibra óptica e, segundo, promover a conectividade empresarial, especialmente para as PMEs, facilitando o acesso à Internet de alta velocidade.
A disponibilidade de várias iniciativas de apoio a habilidades digitais para PMEs contribui para a pontuação acima da média do Peru, de 4,27, na subdimensão Competências Digitais. A Estratégia Nacional de Talentos Digitais (2021-2026) e a Plataforma Nacional de Talentos Digitais abordam desafios priorizados, incluindo o treinamento de micro, pequenas e médias empresas em todos os setores produtivos para garantir que possuam as habilidades digitais essenciais para seus processos de transformação digital. Dentro dessa estrutura, o Programa Nacional Tu Empresa forja alianças estratégicas para cultivar e aprimorar as habilidades digitais de empreendedores e microempresários.
O caminho a seguir
Para o futuro, o Peru poderia considerar:
Promover o acesso inclusivo à banda larga para as PMEs, garantindo que elas se beneficiem dos esforços contínuos para impulsionar a adoção generalizada da banda larga.
Facilitar as parcerias público-privadas para aprimorar a infraestrutura digital, fomentando a colaboração em benefício das PMEs e promovendo a transparência dos dados com indicadores padronizados para avaliações mais precisas do progresso.
Desenvolver e integrar uma estratégia de digitalização dedicada às PMEs dentro do Sistema Nacional de Transformação Digital existente.
Referências
[3] BCRP (2023), Reporte de Inflación. Panorama actual y proyecciones macroeconómicas 2023-2025, Banco Central de Reserva del Perú, https://www.bcrp.gob.pe/docs/Publicaciones/Reporte-Inflacion/2023/diciembre/reporte-de-inflacion-diciembre-2023.pdf.
[2] BCRP (2022), Memoria, Banco Central de Reserva del Perú, https://www.bcrp.gob.pe/publicaciones/memoria-anual.html.
[5] INEI (2023), Demografía Empresarial del Perú, Instituto Nacional de Estadística e Informática, https://m.inei.gob.pe/biblioteca-virtual/boletines/demografia-empresarial-8237/1/#lista.
[4] INEI (2023), Situación del mercado laboral en Lima Metropolitana, INEI.
[6] MINCETUR (n.d.), Acuerdos Comerciales del Perú, https://www.acuerdoscomerciales.gob.pe/ (accessed on 12 March 2024).
[1] OECD (2024), Real GDP forecast (indicator), https://doi.org/10.1787/1f84150b-en (accessed on 13 March 2024).