A dívida bruta das administrações públicas representa as obrigações pendentes dos governos decorrentes da necessidade de financiar deficit por meio da contração de empréstimos. Os governos acumulam dívidas para financiar gastos acima de suas receitas. No longo prazo, a dívida pode ajudar, por exemplo, no desenvolvimento de infraestrutura que possa desencadear crescimento econômico. Já as flutuações das taxas de câmbio e de juros podem ter forte efeito sobre a dívida pública, quando esta tem um componente relevante em moeda estrangeira (como é o caso em vários países da ALC), criando vulnerabilidade externa.
Em 2018, o nível médio da dívida nos países da ALC alcançou 64,7% do PIB. Entre 2007 e 2018, a dívida aumentou 17,2 p.p. nos países da ALC, valor relativamente baixo quando comparado ao aumento de 35,5 p.p. nos países da OCDE durante o mesmo período. Apesar de ainda registrar a terceira maior dívida da região (94,3% do PIB), a Jamaica é o país em que a dívida mais diminuiu (20,1 p.p.) durante o período de 11 anos, com o auxílio de um programa de recuperação fiscal do FMI que acompanha um conjunto de reformas fiscais. Os outros países da ALC que conseguiram diminuir seus níveis de endividamento no mesmo período são Panamá (9,7 p.p.), Guiana (8,0 p.p.) e Peru (5,7 p.p.).
Por outro lado, os maiores aumentos no período 2007-2018 ocorreram no Suriname (55,3 p.p.), Barbados (48,3 p.p.), Trinidad e Tobago (28,8 p.p.) e Costa Rica (26,5 p.p.). O aumento acentuado da dívida do Suriname pode ser explicado por sua dependência do setor de mineração e vulnerabilidade a variações nos preços dos minerais. A queda nos preços internacionais das commodities e a cessação da mineração de alumina no Suriname reduziram consideravelmente as receitas do governo e o crescimento do PIB nos últimos anos. Em resposta, o governo só veio a estabelecer um fundo de estabilização em 2017, além de promover forte desvalorização cambial e recorrer à dívida para financiar as despesas públicas (FMI, 2018).
Entre 2007 e 2018, a taxa média anual de crescimento da dívida pública real per capita nos países da ALC foi de 3,9%, atingindo uma PPC per capita média de US$ 10.656 em 2018. Já a taxa média anual de crescimento da dívida pública real per capita nos países da OCDE ficou em 4,6%, alcançando a média de US$ 55.219 da PPC per capita em 2018. No período de 11 anos, o Chile deu um salto em sua dívida per capita (21 p.p.), e a Jamaica foi o único país da ALC onde houve diminuição (-2,2 p.p.) Prevê-se que a dívida na região da ALC continue a crescer no curto prazo para compensar, em parte, a estabilização dos preços das commodities em níveis comparativamente baixos, a desaceleração do crescimento econômico e o aumento das expectativas e demandas da população, para que os governos forneçam mais bens e serviços públicos, entre outros fatores.