Os governos gastam recursos no provimento de bens e serviços à população, alguns dos quais são de sua competência exclusiva (por exemplo, aplicação da justiça), e na redistribuição da renda (por exemplo, por meio de benefícios sociais e subsídios). As despesas públicas geralmente são menos flexíveis do que as receitas, pois são menos sensíveis ao ciclo econômico e refletem decisões políticas passadas e atuais que garantem benefícios e direitos.
Na ALC, em 2018, em média os governos gastaram 31,2% do PIB, o que representa aumento de 2 p.p. desde 2007. Embora os países da ALC gastem menos do que os países da OCDE — cujos gastos atingiram 40,3% do PIB, em média, em 2017 —, tiveram aumento maior no período em análise (os países da OCDE gastaram 1,3 p.p. mais do que em 2007). Isso foi impulsionado pelo aumento de despesas na maioria dos países, alguns dos quais tiveram queda nas receitas no mesmo período, como Bolívia, Chile, Costa Rica e Peru (ver a Seção 2.4). Vários países da ALC instituíram novas políticas assistenciais (por exemplo, transferências condicionadas de renda, subsídios) em um período de taxas relativamente altas de crescimento econômico e preços elevados das commodities, cuja continuidade poderia estar em risco na atual perspectiva de baixo crescimento econômico.
Existem grandes variações entre os países da ALC em matéria de despesas. Por exemplo, Argentina (38,9% do PIB), Brasil (38,5%), Bolívia e Equador (37,1% cada) registram as maiores despesas e estão mais próximos da média da OCDE. Já Guatemala (12,3%) e República Dominicana (16,5%) gastam cerca de metade da média da ALC.
Em comparação com 2007, os maiores aumentos das despesas foram verificados no Equador (12,9 p.p.), Argentina (9,4 p.p.) e Suriname (7,1 p.p.). No caso do Suriname, o aumento se deve ao tamanho e crescimento da folha de pagamentos do setor público, e aos subsídios à energia elétrica e combustível, entre outros (Stone et al. 2016). Por outro lado, Barbados (-2,7 p.p.), Guatemala (-2,0 p.p.) e Jamaica (-1,9 p.p.) foram os que mais diminuíram as despesas, devido aos elevados níveis de endividamento ou ao lento crescimento econômico.
As despesas per capita permitem uma interpretação alternativa dos gastos do governo. Em termos per capita, os países da ALC gastaram, em média, US$ 5.138 PPC em 2017. Ao comparar com os países da OCDE, cujas despesas totalizaram US$ 19.227 PPC, em média, os países da ALC gastaram cerca de um quarto em termos per capita. Trinidad e Tobago foi o país que mais gastou (US$ 10.071 PPC), seguido pela Argentina (US$ 7.993 USD), ao passo que Guatemala (US$ 1.041 PPC) e Haiti (US$ 359 PPC) foram os que gastaram menos na região.
Entre 2007 e 2018, a taxa média anual de crescimento dos gastos públicos reais per capita foi de 1,7% ao ano, nos países da ALC, em comparação com um aumento de 1,1% nos países da OCDE. Equador, Paraguai e Peru aumentaram mais os gastos públicos reais per capita desde 2007 (5% ou mais), ao passo que foram registradas reduções de pelo menos 1% ao ano na Jamaica e em Barbados no mesmo período.