Os índices compostos sobre a integridade do setor público (índice de robustez do sistema de declaração de bens e interesses e o índice de qualidade das regulações contra influência indevida) são a primeira tentativa de medir a qualidade e o alcance das regulações sobre as práticas que podem obstruir a governança de um país, como o enriquecimento ilícito e a influência indevida na formulação de políticas. Esses índices são de jure e não medem a implementação efetiva dessas regulações. Foram originalmente publicados em La Integridad Pública en América Latina y el Caribe 2018-2019: De Gobiernos Reactivos a Estados Proactivos (OCDE, 2019).
Os dados para ambos os índices foram coletados por meio do Questionário OCDE sobre Integridade Pública na América Latina 2018 e dizem respeito a 12 países. Foram entrevistados principalmente altos funcionários do governo central, instituições superiores de auditoria e comissões eleitorais. Como estão ainda na fase piloto, estão sujeitos a mudanças no futuro próximo.
O índice de robustez do sistema de declaração de bens e interesses mede o alcance das regulações sobre interesses financeiros e não financeiros. Varia de 0 a 1, sendo 1 o sistema mais robusto. São cinco componentes principais:
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o componente de verificação e execução avalia se as informações constantes nas declarações de bens são verificadas e como isso é feito, bem como a existência de sanções em caso de irregularidade;
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o alcance considera as categorias de cargos, cujos ocupantes devem enviar declarações de bens e interesses, bem como quando e quais informações devem ser divulgadas;
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o formato do sistema inclui o grau de digitalização, entre outros aspectos;
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a transparência considera se as declarações são disponibilizadas publicamente; e
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a prevenção de conflitos de interesse considera o empenho em detectar possíveis conflitos e a maneira como são administrados e resolvidos.
As perguntas do questionário foram agrupadas por tema e incluídas em cada indicador, e os indicadores foram agrupados nos cinco componentes principais. A padronização foi feita no nível dos indicadores, o que implica que suas pontuações são comparáveis. Alguns indicadores são bastante parciais (p. ex. “quando”: todos os países, exceto um, obtiveram a pontuação máxima nesse caso). No entanto, devido a sua relevância conceitual e seu possível poder discriminatório, não foram descartados. Como a amostra de países é menor que a quantidade de indicadores, não foi possível realizar a análise multivariada (como análise fatorial ou análise de componentes principais) para classificar os indicadores em componentes no índice. A ponderação dos indicadores seguiu uma abordagem de alocação orçamentária (OCDE/UE/CCI, 2008), em que um total de 100 pontos foi distribuído com base na avaliação de especialistas de acordo com o quadro teórico de base. Os indicadores que não são caracteristicamente singulares e que podem ser analisados em conjunto com outros conformam os subcomponentes do índice (p. ex., verificação cruzada e auditoria).