Vários países da ALC são dotados de recursos naturais não renováveis (RNNR), principalmente hidrocarbonetos e metais e minerais que constituem uma importante fonte de receita para o governo. No entanto, esses recursos são finitos, e o fluxo de receitas que geram está sujeito a níveis elevados de volatilidade, visto que os preços são fixados nos mercados internacionais. Ademais, a gestão de RNNR também deve considerar a equidade intergeracional, assegurando que o esgotamento desses recursos naturais não comprometa ou restrinja as oportunidades das gerações futuras de um país, bem como a sustentabilidade do meio ambiente. No geral, a região da ALC registrou dois períodos recentes de alta nos preços de RNNR, 2006–2008 e, novamente, no período 2010–2014. Contudo, apenas alguns países (por exemplo, Colômbia e Chile) criaram fundos de reserva e instituíram mecanismos de estabilização para contrabalançar a possível volatilidade dos preços.
Em média, nos países da ALC com disponibilidade de dados, as receitas fiscais de RNNR alcançaram 2,9% do PIB, em 2017, queda acentuada desde 2007, quando foi de 6,9%. Em 2017, Bolívia e Equador registraram as maiores participações no PIB (5,9% e 5,6%, respectivamente), enquanto Colômbia (1,2%) e Chile (0,9%) tiveram as menores participações. Entre 2007 e 2017, as receitas provenientes de RNNR diminuíram em todos os países da ALC com dados disponíveis, o que reflete a correlação entre evolução dos preços e variações no nível de produção, bem como fatores pontuais específicos dos países, com efeitos nas receitas. As maiores reduções no período 2007-2017 ocorreram em Trinidad e Tobago (11,7 p.p.) e Chile (7,1 p.p.). No primeiro caso, depende fortemente de petróleo e gás natural como o principal segmento de sua economia que, por um lado, está encolhendo e, por outro, foi afetada pelo recuo dos preços. No caso do Chile e apesar dos aumentos na produção, os preços do cobre ainda estão abaixo dos patamares de 2007. Ainda assim, a sólida estrutura de política macroeconômica suavizou o ajuste no final do período de alta das commodities, contribuindo para o baixo nível de desemprego, a resiliência do consumo das famílias e a estabilidade do setor financeiro (OCDE, 2018).
As receitas de RNNR podem ser divididas em duas categorias: hidrocarbonetos e metais/minerais. O Chile não tem extração de petróleo e, no Peru, a mineração (por exemplo, cobre, ouro, chumbo e prata) tem importância relativa maior do que a produção de hidrocarbonetos como fonte de receitas. As receitas de RNNR continuam sendo fonte importante de financiamento em vários países da ALC. Por exemplo, representam 32% e 28% do total de receitas na Bolívia e no México, respectivamente. Entretanto, em todos os países com disponibilidade de dados, a participação relativa da RNNR como fonte de receita diminuiu entre 2007 e 2017, aumentando assim a pressão sobre os governos da ALC para encontrar fontes alternativas de financiamento ou fazer ajustes.